Política

Temer: ministro que virar réu da Lava Jato perderá cargo

Caso o STF aceite a denúncia, o que transformaria o ministro em réu, ele seria definitivamente desligado do governo

Por UOL Conteúdo 13/02/2017 09h09
Temer: ministro que virar réu da Lava Jato perderá cargo

O presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira que os ministros que eventualmente sejam denunciados pela Procuradoria-Geral da República no âmbito da Operação Lava Jato serão afastados provisoriamente do cargo.

Caso o STF (Supremo Tribunal Federal) aceite a denúncia, o que transformaria o ministro em réu, ele seria definitivamente desligado do governo, segundo afirmou o presidente, em declaração à imprensa no início da tarde desta segunda (13) no Planalto.

No pronunciamento, Temer não citou o nome do ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), que teve a posse ameaçada por decisões judiciais e terá o caso julgado em definitivo pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

"Se houver denúncia, o que significa um conjunto de provas eventualmente que possam conduzir ao seu acolhimento [da denúncia], o ministro que estiver denunciado será afastado provisoriamente. Logo depois de acolhida a denúncia, e aí sim, a pessoa, no caso o ministro, se transforma em réu, estou mencionado os casos da Lava Jato, ele se transformando em réu o afastamento é definitivo", afirmou Temer.

Não vai blindar ninguém
O presidente iniciou o pronunciamento afirmando que seu governo não irá interferir na Operação Lava Jato. "Eu quero anunciar em caráter definitivo, e talvez pela enésima vez, que o governo jamais poderá interferir nessa matéria [a Lava Jato]", disse.

"Faço essa declaração para dizer que governo não quer blindar ninguém e não vai blindar. Apenas não pode aceitar que a simples menção inauguradora de um inquérito, para depois inaugurar uma denúncia, para depois inaugurar um processo, já seja de molde a incriminá-lo em definitivo e em consequência afastar o eventual ministro", disse Temer. "Não há nenhuma tentativa de blindagem", reforçou o presidente.

Moreira ocupava no governo Temer o cargo de secretário-executivo do Programa de Parceria para Investimentos, e foi nomeado como ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência três dias depois de a presidente do STF, Cármen Lúcia, homologar as delações dos 77 executivos da Odebrecht que fizeram acordo de colaboração premiada com a Lava Jato.

Um dos principais líderes do PMDB e amigo de Temer, Moreira é citado na delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht. O novo ministro, apelidado de "Angorá" pelos executivos da empreiteira, teria pedido doações de recursos para o PMDB, segundo o relato de Melo Filho, que diz ter contribuído na expectativa de que a empreiteira fosse beneficiada por decisões do governo. Moreira Franco nega ter cometido irregularidades.

Além de Moreira Franco, o ministro Eliseu Padiha (Casa Civil) e o próprio Temer também foram citados nas delações premiadas da Odebrecht. Os três negam irregularidades. Por estar no cargo de presidente da República, Temer não pode ser investigado por fatos que não tenham relação com seu mandato.