Política
Renan ironiza fala da PGR sobre Geddel: Achei que o chefe era outro
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse ao Supremo Tribunal Federal (STF), nessa quinta-feira (19), que o ex-ministro Geddel Vieira Lima assumiu papel “líder de organização criminosa” em referência aos R$ 51 milhões apreendidos pela Polícia Federal (PF) em um apartamento em Salvador, valor atribuído ao ex-ministro.
Nesta sexta-feira (20), o senador Renan Calheiros usou suas redes sociais para ironizar o fato e aproveitar para alfinetar o presidente da República, MIchel Temer. "Engraçado... Nunca soube que Geddel era o chefe. Para mim, o chefe dele era outro".
Não é de hoje que Renan e Temer "se bicam". O senador, inclusive, no último mês de junho, afastou-se da liderança do PMDB. Em um discurso contra o governo, afirmou que estava deixando a liderança por não concordar com as reformas trabalhista e previdenciária, e para poder se posicionar com mais independência contra elas.
“Sempre compreendi que mais ajuda aos governantes quem faz críticas. Críticas responsáveis como fiz em algumas oportunidades. Convencido de que o problema para o governo é o líder do PMDB, sou eu, me afasto da liderança para expressar meu pensamento e exercer minha função com total independência”, disse à época.
Já a manifestação de Raquel Dodge foi feita antes da decisão do ministro Edson Fachin, que manteve, também ontem (19), a prisão de Geddel, mas concedeu prisão domiciliar a dois investigados ligados a ele.
Segundo a procuradora, o valor encontrado no apartamento pode ser apenas “uma fração de um todo, ainda maior e de paradeiro ainda desconhecido”. “A liberdade provisória ou a prisão domiciliar, pretendidas por Geddel Vieira Lima são absolutamente incompatíveis com os critérios legais para eficiência da persecução penal, que visam garantir o interesse público, acautelando o meio social e garantindo diretamente a ordem pública. Mesmo em crimes de colarinho branco, são cabíveis medidas cautelares penais com a finalidade de acautelar o meio social, notadamente porque a posição assumida por Geddel parece ter sido a de líder da organização criminosa”, argumentou a procuradora.
Geddel foi preso no dia 8 de setembro, três dias depois que a PF encontrou o dinheiro no apartamento de um amigo do político. Os valores apreendidos foram depositados em conta judicial.
Segundo a Polícia Federal, parte do dinheiro seria resultante de um esquema de fraude na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal no período entre 2011 e 2013, quando Geddel era vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco.