Política
Kátia Born quer voltar a ser prefeita de Maceió
Com uma longa carreira política, sempre alinhada à esquerda e com os movimentos sociais, a “galega” respira agora aliviada
Para quem vive do voto, ser acusado ou investigado em processos por improbidade administrativa é como ter uma faca no pescoço.
Enquanto não sai uma decisão final da Justiça, mesmo que se considere inocente o gestor público ou político fica exposto e, de certa forma, constrangido.
Kátia Born Ribeiro viveu esse drama nos últimos anos.
Com uma longa carreira política, sempre alinhada à esquerda e com os movimentos sociais, a “galega” respira agora aliviada. Ela foi inocentada, em definitivo, nas últimas semanas de acusações que enfrentava em processos da época em que foi prefeita de Maceió e secretária de Saúde do Estado (veja texto a seguir).
Born acredita que após ter sua vida vasculhada – inclusive com quebra de sigilo bancário e fiscal – recebeu um atestado de idoneidade que todo político deve ter: “Entrei e saí da prefeitura de Maceió e de todas as funções públicas que exerci sem nunca me beneficiar do dinheiro público. Posso andar de cabeça erguida, vivo do meu trabalho, com as mesmas dificuldades em pagar contas que qualquer cidadão honesto deste país”, declarou.
E é assim, de “cabeça erguida” que Kátia pensa em voltar á prefeitura da capital. Ela não esconde esse desejo e enxerga, no atual quadro político, espaço para uma gestão social: “Maceió precisa ter de novo uma gestão mais voltada para o social, que dialogue melhor com os setores menos favorecidos da sociedade. Não o que está aí”, aponta.
Born elogia algumas iniciativas de Renan Filho e diz que se fosse a prefeita da capital hoje não “deixaria” o governador realizar o programa Vida Nova nas Grotas: “eu iria tocar o programa junto com ele, pela a prefeitura, com o Estado apoiando. E é o que pretendo fazer. Quero voltar a prefeitura para ter uma atuação mais voltada para o social, com um olhar para as pessoas que mais precisam”, enfatiza.
E se depender da “Galega”, 2020 chega já.
Trajetória
Kátia – vamos lembrar um pouco sua trajetória – iniciou sua carreira em 1982 ao ser eleita vereadora por Maceió.
Desde então, foi secretária de Saúde de Maceió, prefeita da capital por dois mandatos (1996 e 2000), secretária de Estado (Saúde, Ciência e Tecnologia, Mulher e Direitos Humanos) e secretária de Saúde em Rio Largo. Atualmente é secretária de Saúde em Palmeira dos Índios.
A ex-prefeita de Maceió também foi, durante muitos anos, a principal dirigente do PSB e deixou, a presidência do partido no ano passado, após disputa com o deputado federal JHC.
Versão oficial
Recebi um texto sobre os processos de Kátia Born, produzido por um jornalista que já foi seu assessor. Veja:
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A ex-prefeita de Maceió, Katia Born, vem colecionando vitórias na Justiça, contrariando tentativas de alguns procuradores de envolvê-la em ilícitos administrativos. São duas decisões significativas, uma no final do ano passado e outra nessa quarta-feira, 10. A primeira absolve Katia Born de qualquer relação com o escândalo do lixo, ocorrido na gestão do ex-prefeito e atual deputado federal Cícero Almeida. Para a Justiça, não há nada que justifique a inserção de Katia no esquema que se desenrolou na gestão de seu sucessor.
A segunda decisão favorável à Katia Born veio com o reconhecimento do magistrado de total ausência de provas e, principalmente, da constatação de que nada foi descoberto que demonstrasse qualquer benefício recebido por Born quando exercia o cargo de secretária estadual de saúde, no governo Ronaldo Lessa. O processo refere-se à obra de reforma e ampliação do HGE.
“Acontece que inexistem nos autos provas de que a acusada tenha participado ou influenciado na elaboração da planilha do orçamento da obra encaminhada ao Ministério da Saúde para os fins do Convênio nº 46/2006 ou da planilha do orçamento estimativo que integrou o Edital da Concorrência nº 04/2006, ambos os documentos elaborados no âmbito do SERVEAL. Também não existem provas, ou sequer indícios, de que a acusada teria agido no sentido de beneficiar a empresa ARQUITEC no certame licitatório no qual esta se sagrou vencedora, primeiramente, porque não mais era Secretária de Estado ao tempo da licitação e da assinatura do respectivo contrato, depois, porque o referido procedimento teve curso no âmbito da SEINFRA/AL, e não da SESAU/AL (cf. fls. 40-94 do ICP, Apenso 01)”, diz a decisão da Justiça.
O magistrado que julgou o caso é taxativo em relação a Katia Born: “… diante da insuficiência de provas nos autos, até mesmo no que tange à sua evolução patrimonial e movimentações financeiras, conforme documentos angariados a partir da quebra dos seus sigilos fiscal e bancário (cf. fls. 1606-1619 e mídia de fl. 3237, pasta “mídias”, arquivos “AP_913_Volume_07_Fl._1362_CD.iso” e “AP_913_Volume_13_Fl._2821_CD.iso”), nos quais não se verificou qualquer anormalidade passível de registro, ao contrário do que alegado de forma genérica pela acusação ao dizer que tais provas “demonstram movimentação financeira e patrimônio incompatível com a situação financeira dos réus e salários recebidos, sendo mais um elemento a demonstrar as condutas criminosas”.
Katia vem recebendo essas decisões com naturalidade.
“Sempre tive a certeza que a verdade iria prevalecer. Entrei e saí da prefeitura de Maceió e de todas as funções públicas que exerci sem nunca me beneficiar do dinheiro público. Posso andar de cabeça erguida, vivo do meu trabalho, com as mesmas dificuldades em pagar contas que qualquer cidadão honesto deste país”, declarou. Para Born, vasculharam a vida dela para fornecerem, finalmente, um atestado de idoneidade que todo político deve ter.
Nessa época de demonização dos políticos, muitas vezes respaldada por atos inescrupulosos praticados por muitos deles, é necessário reconhecer que há exceções e publicar decisões que inocentam muitos que, à época das denuncias, tiveram seus nomes e carreiras políticas expostas e execradas, mas que ao serem inocentados tenham direito a mesma publicidade.