Política

Valadares critica decisão do governo de fechar fábricas de fertilizantes no Nordeste

O fechamento das empresas vai na contramão da lógica do mercado interno

Por Agência Senado 28/03/2018 13h01
Valadares critica decisão do governo de fechar fábricas de fertilizantes no Nordeste

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) comentou em Plenário nesta quarta-feira (28) o anúncio, pela Petrobras, do adiamento para 31 de outubro do fechamento das fábricas de fertilizantes nitrogenados em Sergipe e na Bahia. Segundo o senador, a decisão de adiar o fechamento foi resultado da pressão das bancadas dos dois estados.

— Em se tratando de uma medida antipática, impopular, uma medida que vai prejudicar centenas de trabalhadores do setor petroquímico em Sergipe e na Bahia, para dourar a pílula, o governo do presidente Temer resolveu adiar o fechamento dessas duas fábricas para após as eleições. É, a meu ver, uma decisão um tanto quanto capciosa, uma decisão para atenuar a revolta, o desespero e desassossego das populações de dois estados do Nordeste que foram humilhados pela Petrobras — criticou.

Valadares explicou que a fábrica de Sergipe, instalada desde 1982 em Laranjeiras, marcou um novo ciclo de desenvolvimento na região, gerando emprego e ampliando divisas. Atualmente, a Fafen de Sergipe garante o emprego direto a cerca de 300 trabalhadores, 700 empregos indiretos e a quase 500 terceirizados e suas famílias.

Para o senador, a intenção do governo é “claramente privatista”. Os argumentos da Petrobras seriam de que a decisão está alinhada ao posicionamento estratégico de sair integralmente das atividades de produção de fertilizantes, aliado aos resultados negativos de 2017.

— Não se deveria, em hipótese nenhuma, abrir mão do patrimônio, desestruturar a economia de uma região já carente e colocar em risco a subsistência de tantas famílias sem antes buscar alternativas — criticou.

O senador registrou ainda que o fechamento das empresas vai na contramão da lógica do mercado interno e da tendência mundial, uma vez que a demanda global por fertilizantes nitrogenados cresce, e os preços internacionais devem aumentar até 15%. Além disso, hoje, a dependência brasileira da importação de fertilizantes nitrogenados é da ordem de 70%. Com o fim das fábricas, essa dependência passaria a ser absoluta.

Valadares acrescentou que as bancadas de Sergipe e da Bahia estão reagindo, assim como a bancada do Paraná, onde há também uma fábrica de fertilizantes e lutarão contra o que considerou “uma violação dos interesses nacionais”.

Em aparte, o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) avisou que o governo vai rediscutir o assunto e tentar encontrar uma alternativa para a questão. Ele concordou que o fechamento das fábricas é “um absurdo” e destacou que a agricultura nacional depende de nitrogênio, fósforo e potássio.

— Não há como justificar, sem falar no prejuízo econômico que traria, ou que trará, ao estado — completou.