Política

PF cumpre busca e apreensão em inquérito sobre presidente do Senado

Operação, denominada Tira Teima, tem como base a delação premiada fechada por executivos da empresa Hypermarcas e investiga pagamentos de vantagens indevidas a políticos

Por Reuters 10/04/2018 12h12
PF cumpre busca e apreensão em inquérito sobre presidente do Senado

A Polícia Federal cumpre nesta terça-feira mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), em um inquérito que investiga o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), embora o parlamentar não seja alvo direto desta operação, que mira pessoas relacionadas a ele, disse uma fonte da PF.

A operação, batizada de Tira-Teima, baseia-se na delação premiada do ex-diretor da empresa Hypermarcas —atual Hypera Pharma — Nelson José de Mello, acrescentou a fonte. Eunício é alvo de inquérito no Supremo por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro e é no âmbito desta investigação que se dá a Tira-Teima, acrescentou a fonte.

Segundo nota divulgada pela PF mais cedo, que não dá detalhes sobre os alvos da investigação, 40 policiais federais cumprem oito mandados de busca e apreensão em São Paulo, Goiânia e Fortaleza. A nota diz ainda que a Tira-Teima apura um esquema de pagamentos de vantagens indevidos de um grupo empresarial a políticos.

“A finalidade das medidas é o buscar documentos e outros elementos de aprofundamento da investigação, considerando a notícia de doações de campanha abalizadas através de contratos fictícios”, informou a PF na nota.

Em nota divulgada no final da manhã, a Procuradoria-Geral da República informou que estão sendo cumpridos 10 mandados de busca e apreensão em quatro Estados. Afirmou ainda que as medidas cautelares foram proferidas por Fachin e pelo ministro Dias Tofolli, que são os titulares de dois inquéritos que apuram irregularidades nas quais estariam envolvidos os alvos das duas operações.

“O objetivo das medidas é recolher provas da prática de crimes contra a administração pública como lavagem de dinheiro e associação e organização criminosa”, disse a nota.

“As buscas, realizadas por agentes da Polícia Federal ocorrem nos Estados de São Paulo, Goiás e Ceará e em Minas Gerais”, informou a PGR.

Segundo a PGR, parte dos mandados é decorrente de desdobramentos da Lava Jato. Nesse caso, são oito mandados, sendo dois relacionados a empresas e seis em endereços residenciais. Os demais, referem-se a endereços em Minas Gerais.

“No caso da Lava Jato, a solicitação para as medidas foi enviada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em 21 de março. Como as cautelares e os inquéritos são sigilosos, não serão divulgados os nomes de pessoas físicas e jurídicas envolvidas nas investigações”, acrescentou a PGR.

Em nota, a Hypera afirmou que o escritório da empresa em São Paulo era alvo de mandados de busca e apreensão com o objetivo de “colher documentos relacionados à colaboração do ex-diretor de Relações Institucionais da Companhia, Nelson Mello”.

“A companhia reitera que não é alvo de nenhum procedimento investigativo, nem se beneficiou de quaisquer atos praticados isoladamente pelo ex-executivo, conforme já relatado ao longo do ano de 2016 em vários comunicados”, acrescentou a Hypera no comunicado.

As ações da companhia recuavam 4,64 por cento às 11h48, enquanto o principal índice da bolsa paulista Ibovespa subia 0,85 por cento.

A assessoria do presidente do Senado informou que, “até o momento, o senador desconhece” nem foi “informado oficialmente sobre qualquer operação”.