Política
Folha salarial de militares de AL chega a R$ 1,3 bi por ano
Em 4 anos, reajuste para PM e CB chega 50%, mais do que o dobro do que foi dado aos demais servidores
O governo de Alagoas enfrenta, nesta quarta-feira, 11 uma ameaça de aquartelamento de policiais militares. A categoria está em campanha salarial e defende reajustes de mais de 10% dos salários.
Em entrevista ao Portal Gazetaweb, o sargento Gedson, presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos Militares de Alagoas (ASSMAL), disse esperava uma contraproposta do governo, “mas a que o governo nos ofereceu não há condições alguma de aceitarmos. Pedimos 10,61% de reajuste salarial e nos foi proposto apenas 3,8%, sendo que a partir de 2019”, revelou.
O governo avisa que não será fácil atender o pedido dos militares. Hoje, a folha da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, considerando pessoal ativo e da reserva, chega a cerca de R$ 100 milhões. “Isso dá cerca de R$ 1,3 bilhão por ano, porque temos o décimo terceiro salário. Os militares representam hoje menos de 20% dos servidores efetivos, no entanto a folha salarial representa mais de 30%. Qualquer reajuste acima do percentual que será dado aos demais servidores pode comprometer a capacidade de pagamento do Estado”, aponta o secretário de Planejamento e Gestão, Fabrício Marques.
De acordo com levantamento da Seplag, os salários dos militares tiveram, em média, os maiores reajustes no atual governo: “entre 2015 e 2018 a folha dos militares subiu cerca de 50%, enquanto a folha geral do Estado teve um aumento, considerando o crescimento vegetativo, de cerca de 30%”, pondera.
Apesar das dificuldades Fabrício Marques Santo adianta que a orientação do governador Renan Filho é conversar com os servidores, buscando o entendimento: “o governo está em busca da negociação, trabalhando junto com os militares, que são tão importantes para nosso estado, por uma solução que não prejudique a sociedade”, aponta.
As negociações estão sendo acompanhadas de perto pelo governador Renan Filho. Ele já avisou a alguns assessores que vai fazer o máximo para atender os servidores militares, desde que não comprometa a capacidade de pagamento do estado, no presente e, principalmente, no futuro.
Evolução
A Política Militar de Alagoas tem segundo levantamento do Blog do Camarotti (Portal G1), de fevereiro de 2017, o maior piso salarial do Nordeste e nono maior do Brasil.
Uma evolução e tanto. Até 2008, o piso salarial dos militares do estado era de R$ 1,5 mil, o 23o do Brasil.
Depois dos reajustes dados no final do governo de Téo Vilela (2014), a maior parte paga a partir de 2015, já no governo de Renan Filho, o piso de um solado PM de Alagoas, varia atualmente entre R$ 3,7 mil para o PM e R$ 4,18 mil para o PM 1o nível. Os vencimentos vão aumentando de acordo com a patente, até passar dos R$ 20 mil, no caso de coronéis.
Pressão
Os militares tem um grande poder de mobilização e conseguem exercer pressão, especialmente em períodos pré-eleitorais. No final de 2013, Alagoas viveu um momento assim, ainda no governo de Téo Vilela. A ameaça, à época, foi transformada em operação padrão. Ainda assim resultou num clima de insegurança e medo em todo o estado.
Agora, o governo enfrenta uma ameaça de aquartelamento. Será, com certeza, uma boa queda de braços. As negociações entre associações de militares e o governo devem ganhar novo ritmo a partir desta quarta-feira, 11.
Um diálogo maduro e equilibrado pode assegurar o interesse da sociedade, com os dois “lados” buscando um ponto de convergência. Um reajuste além da capacidade de pagamento do estado pode ter, a longo prazo, efeitos tão drásticos quanto um eventual aquartelamento teria no curto prazo. Basta ver o que está acontecendo em estados como Rio de Janeiro.
Maior piso salarial do Nordeste: veja aqui o levantamento de 2017