Política
Collor defende Lula e comenta que ex-presidente sofre injustiças
Segundo o senador, não há provas que o tríplex do Guarujá, pertence ao ex-presidente
Em entrevista à rádio Guaíba (Porto Alegre/RS), o senador Fernando Collor (PTC-AL) voltou a falar da sua pré-candidatura à Presidência da República e defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que não há provas contra o petista e que, mesmo preso, ele tem o direito de gravar depoimentos para a campanha eleitora.
"Todos sabem que eu não tenho procuração e sequer afinidade ideológica com o ex-presidente Lula em função do que eu vou dizer. Mas... eu entendo que vêm sendo cometida enormes injustiças em relação ao ex-presidente Lula", disse Collor.
Segundo o senador, não há provas que o tríplex do Guarujá, motivo da condenação de Lula na Lava Jato, pertence ao ex-presidente. "Ele foi submetido a uma pena de nove anos de detenção sem ter sido concedido a ele o direito à resposta a uma pergunta: onde está o documento que prova que o apartamento do Guarujá é de minha propriedade ou de alguém de minha família?", declarou o senador. Ele destacou que o aumento da pena de Lula na segunda instância, para 12 anos, foi determinado sem "qualquer fato novo".
Em defesa da pré-candidatura de Lula, Collor ainda declarou que o ex-presidente condenado poderia ter um advogado que gravasse uma declaração sua a divulgasse. O senador disse não concordar, no entanto, com a tese do PT que Lula está sendo "perseguido" apenas por ser pré-candidato à Presidência. "Aí já acho que é uma viagem na maionese", comentou.
Na entrevista, o parlamentar e ex-presidente da República fez fortes críticas à Operação Lava Jato, comparando a prática de firmar acordos de delação premiada com tortura. "É uma operação que ela, em si, tem os seus bons propósitos. Acontece que a execução dessa operação foi dada a pessoas imberbes, de calças curtas, que não têm ainda consciência da realidade que nos cerca, que não têm a experiência necessária para ponderar e avaliar que aquilo que chega para julgamento e, mais do que isso, que estão atraídas pelos holofotes da mídia."
Falando de sua eleição, em 1989, Collor revelou que torceu para enfrentar o ex-presidente Lula no segundo turno, como ocorreu, e que não queria ir para a disputa contra Leonel Brizola. Pedindo, ao final da entrevista, para que a rádio tocasse a Quinta Sinfonia de Beethoven, o senador disse que sua proposta de governo será baseada no projeto que começou quando chegou ao Palácio do Planalto.