Política
Jair Bolsonaro é anunciado como candidato à Presidência por aclamação
O deputado federal Jair Bolsonaro foi anunciado na tarde deste domingo (22/7) como candidato à Presidência da República pelo PSL. Emocionado, o parlamentar chorou durante convenção do partido realizada no Rio de Janeiro. Líder nas pesquisas de intenções de voto sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa, ele foi indicado para liderar a sigla nas eleições 2018, em outubro, por aclamação.
Bolsonaro estrelou sem apoio fora de seu círculo político e familiar. A convenção do PSL confirmou o isolamento da candidatura do parlamentar. “Sou o patinho feio da eleição”, ressaltou. O deputado foi bastante aplaudido por cerca de 2 mil pessoas que estavam presentes no Centro de Convenções SulAmérica.
Durante o discurso, Bolsonaro alfinetou o ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD): “Não sabe a diferença entre gravidez e lei da gravidade”. Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência pelo PSDB, também foi alvo da língua afiada de Bolsonaro: “Obrigado por ter reunido toda a escória da política brasileira”.
O candidato falou sobre a punição que sofreu por escrever artigo para a Veja quando era do Exército. “Errei”, disse. Em 1986, Bolsonaro publicou texto na revista criticando os baixos vencimentos dos militares. Em decorrência desse gesto, ele foi preso e, na época, sua punição provocou protestos de mulheres de oficiais da ativa.
O deputado ainda fez um histórico da carreira na corporação e repassou sua trajetória política desde que foi eleito vereador no Rio. “No quartel, tem disciplina, amor à pátria. No Congresso, não”, comparou.
Bolsonaro ironizou a ideologia de gênero e citou a ex-presidente Dilma Rousseff, chamada de “terrorista” pela plateia presente à convenção. “Para quem jurou dar a vida para a pátria, o que é dar a vida pelo mandato (de presidente)”, afirmou. Em vários momentos, ele foi interrompido pela plateia aos gritos de “mito”.
O general Augusto Heleno, barrado pelo PRP para compor a chapa de Bolsonaro, foi chamado de “meu ídolo no Exército Brasileiro” pelo deputado federal. Sobre Janaína Paschoal, advogada cotada para ser sua vice, disse: “Não tem idolatria por mim. É pelo Brasil”.
O candidato do PSL garantiu “ser bem visto por 95% do setor produtivo, do agronegócio do Brasil”. “Queremos buscar o liberalismo. Mais do que privatizar, vamos acabar com a maioria das estatais. Vamos buscar revogar a emenda que relativizou a propriedade privada. Ela nunca foi respeitada pela esquerda porque lá ninguém nunca trabalhou”, destacou.
Bolsonaro falou sobre como pretende melhorar a composição do Congresso. “Ao longo dos últimos meses, contactamos 110 parlamentares que querem entrar nesse projeto de fazer política diferente. Vamos tirar fora os irrecuperáveis”, disse. Como esperado, o ex-capitão do Exército defendeu o porte de armas. “Mais do que defender nossa vida, defendo nossa liberdade”.
Janaína: “Pouco tempo para pensar”
Antes do anúncio oficial da candidatura de Bolsonaro, a advogada Janaína Paschoal frustrou as expectativas de que aceitaria o posto de vice na chapa. “Não é possível tomar uma decisão dessas em dois dias. É pouco tempo para pensar”, disse a advogada, bastante aplaudida durante o evento.
Professora de direito penal na Universidade de São Paulo (USP), Janaína também falou sobre segurança e um possível governo de Bolsonaro como presidente. “Não se ganha eleição com pensamento único”, disse.
“Temos de pensar dois momentos, a campanha e a governabilidade. Temos um povo multifacetado. Se construirmos um quadradinho e quisermos todo mundo dentro, estamos limitando a capacidade de governar”, analisou.