Política
2º turno: Debate entre esquerda e direita perde espaço para temas secundários
Cientista político aponta que voto ideológico representa 20%; ataques predominam
Uma proposta de esquerda ou de direita? Fernando Haddad ou Jair Bolsonaro? Qual é a melhor opção para a Presidência? A uma semana do segundo turno, milhões de brasileiros seguem debatendo em bares, restaurantes, escolas, trabalho e, sobretudo, nas redes sociais quais dos nomes é a melhor opção para o país. De um lado, Haddad (PT), com uma proposta considerada de esquerda e que sinaliza, também, para o centro. Do outro, Jair Bolsonaro (PSL), com projeções consideradas de direita.
Apesar de o debate entre esquerda e direita ter dominado boa parte das discussões ao longo dos meses, inclusive antes da eleições, a reta final da campanha presidencial tem sido marcada por uma troca de acusações entre os candidatos envolvendo temas como corrupção, "kit gay", financiamento de fake news e, também, caixa 2. As pesquisas divulgadas pelos institutos mostram que, apesar do tom agressivo de ambos os candidatos, o quadro eleitoral não sofreu alteração, desenhando que o capitão do Exército Jair Bolsonaro deve ser eleito presidente.
Para o cientista política Ranulfo Paranhos, o voto ideológico representa cerca de 20% dos eleitores e muitas pessoas ainda não têm uma leitura clara dos conceitos ligados à esquerda ou a direita. Ainda de acordo com Ranulfo, as pessoas estão observando como os candidatos se comportam para resolver a situação econômica do país, dando soluções que possam assegurar a devolução da capacidade no poder de compra perdida com a crise financeira. Ranulfo destaca, ainda, que os eleitores estão "punindo" os candidatos e partidos que estão envolvidos com a corrupção.
"O resultado das eleições mostra que as denúncias de corrupção estão deixando os candidatos pelo meio do caminho. Quem foi eleito há alguns anos e, durante este período foi ligado à corrupção e tentou à reeleição recentemente, precisou empreender um esforço político e financeiro muito maior. Este quadro é resultado do voto punitivo do eleitor, que também está presente nesta eleição presidencial. Os eleitores estão preocupados com a sua realidade financeira, com o poder de compra. E, diante disso, muitos outros temas ideológico não têm tido espaço".
No primeiro turno das eleições presidenciais, o candidato que recebeu o maior número de votos foi Jair Bolsonaro, da Coligação Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos (PSL-PRTB), com 49.276.990 (46,03%). Ele disputará o segundo turno com Fernando Haddad, da Coligação O Povo Feliz de Novo (PT-PCdoB-PROS), que obteve 31.342.005 (29,28%). A eleição para o próximo presidente do país acontece no domingo (28), onde os brasileiros voltam às urnas em meio a discussão.