Natural de Arapiraca, Tereza Nelma da Silva Porto Viana Soares, 61 anos, fez carreira política em Maceió. É vereadora da capital desde janeiro de 2005.

Foi eleita deputada federal em 2018 pelo PSDB, justo no dia do seu aniversário e será a única mulher a representar Alagoas no Congresso Nacional.

Com uma vida política ligada a luta pela inclusão social, Tereza Nelma assume o mandato na Câmara dos Deputados na próxima sexta-feira, 1o, com um estilo próprio.

Não fez até agora nenhum movimento em busca de cargos seja no governo federal ou estadual. Ao contrário, a futura deputada passou as últimas semanas cuidando das pautas que marcaram sua atuação na Câmara de Vereadores de Maceió (especialmente projetos sociais e educação) e ampliou o leque conversando com representantes da agricultura familiar de Alagoas.

Tereza Nelma revela que está aberta ao diálogo e que sua atuação em Brasília será focada na defesa das minorias. E nesse sentido deve bater de frente com o governo de Jair Bolsonaro.

“Nunca atuei politicamente com preconceito. Até o momento, Bolsonaro e sua equipe não deram nenhuma sinalização positiva em favor da inclusão social. Ao contrário tem atacado as minorias e suas organizações sociais”, diz Tereza Nelma.

Para a futura deputada, o governo federal ainda precisa acertar o passo: “como estamos diante de um BBB político, tem gente batendo cabeça, o que o Bolsonaro diz logo é desmentido. Fica difícil tomar qualquer posição prévia. Portanto estou ao lado dos governadores do Nordeste, e dos trabalhadores”, afirma.

A relação como governo de Alagoas ainda não foi sequer estabelecida – se é que será em algum momento.

“Sobre Renan Filho, reconheço méritos em seu governo. Quando ele quiser, estou aberta ao diálogo para melhorar as políticas sociais de Alagoas. Ainda não tive nenhuma conversa com o governador, mas esse será meu comportamento porque é da minha formação. Sou da realização e não do blá blá blá”, diz.

A agricultura terá espaço na agenda da futura deputada: “Tenho minhas origens na área rural. Já iniciei contatos e vou apoiar a agricultura familiar e contribuir para a melhoria das cooperativas, junto à Unicafes. Por exemplo, marcaremos reunião com o governador para liberar recursos do Fecoep”, aponta.

Sem surpresas

Que ninguém espera mudanças na linha – política e ideológica – de Tereza Nelma. “Sou previsível. Continuarei na luta com as associações civis, principalmente as filantrópicas. Nada de velhas políticas oligárquicas ultrapassadas, muito menos corrupção”, avisa.

Sobre a coordenação da bancada federal de Alagoas, ela avalia que deve ser alguém que respeite as posições das demais. "Se o Ronaldo Lessa voltar para Brasília é um bom nome. Com todas as qualidades que Alagoas precisa”, afirma.

Posicionamentos

Na última semana, Tereza registrou nas suas redes sociais encontro realizado com agricultores familiares de Alagoas: “Tenho procurado me informar cada vez mais sobre agricultura familiar e como posso, enquanto deputada federal, ajudar os agricultores neste processo. Pensando nisso, estive com os integrantes da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar – Unicaf, onde pude debater sobre a importância da agricultura familiar em Alagoas e entender mais como auxiliá-los com pautas e projetos em Brasília”.

Nesta terça-feira, 29, a deputada reforçou  nas redes sociais seu compromisso de luta com minorias e excluídos – incluindo a defesa do público LGBT.

“Hoje comemoramos o Dia da Visibilidade Trans. Tenho muito orgulho de ser a vereadora que mais aprovou leis voltadas ao público LGBT no País. Entre essas leis, está a que estabelece o direito ao uso e tratamento pelo nome social aos travestis e transexuais. E foi nessa luta que me juntei ao Isaac, um menino muito especial, onde juntos conseguimos que ele alterasse seu registro civil, mudando seu nome e seu gênero. Transformar vidas pode ser simples, se todos nós tivermos respeito ao próximo. Esta é uma luta que sempre irei estar à frente”, disse.