Política

Governo quer a permanência da Braskem

Extração de sal-gema deve ser feita em áreas que não coloquem a população em risco

Por Blog do Edivaldo Junior 21/05/2019 18h06
Governo quer a permanência da Braskem
TNH1

Se depender do governo do Estado, a Braskem fica. Com mineração de sal-gema e tudo mais. Desde que a exploração do minério seja feita em novas áreas, que não ofereçam novos riscos à população.

O recado vem sendo dado por integrantes do governo e pelo próprio governador. Renan Filho já sinalizou que a Braskem pode continuar explorando sal-gema, desde que não ofereça novos riscos à população.

Dentro destes critérios, avalia o presidente do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, Gustavo Lopes, é possível a lavra de sal-gema em áreas não urbanas.

Outra possibilidade avaliada pela equipe econômica do governo é a ‘importação’ de matéria-prima para manter em funcionamento a unidade de Cloro e Soda da Braskem em Maceió.

Para isso, o governo estaria disposto a avaliar a carga de tributos sobre esta operação. É uma sinalização clara para uma política de incentivos que compensaria o aumento de custos com a ‘importação’ – que poderia ser feita de outros países ou de outros Estados do Brasil.

“A Braskem, pelo que sei, não faz chantagem. A empresa paralisou a operação na planta de Maceió por falta de matéria-prima. Nos colocamos à disposição para encontrar alternativas. Não acredito que a empresa tenha interesse em deixar o Estado, nem o Estado tem interesse que a Braskem saia”, aponta o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito.

O secretário da Fazenda de Alagoas também tem defendido a permanência da Braskem no Estado.

George Santoro admite que a indústria é responsável por uma fatia significativa da economia alagoana e desmentiu as especulações de que a Braskem estaria deixando Alagoas para explorar minas de sal-gema no interior do Espírito Santo.

“Não acredito que a empresa vai sair daqui. Ela (a indústria) tem uma estrutura montada, consolidada e atua muito forte. O caminho, agora, é buscar soluções para o problema que a envolve”, afirma.

Rafael Brito também não avalia que a Braskem tenha interesse em deixar Alagoas. “A empresa já demonstrou que vai assumir suas responsabilidades e não sinalizou em nenhum momento que tenha interesse em encerrar sua atividade no Estado. Vamos juntos buscar alternativas seguras para manter a indústria em funcionamento e evitar novas perdas para a economia alagoana”, aponta.

Novas áreas para mineração

O presidente do IMA adianta que não existe a possibilidade de reabertura das minas existentes que já foram fechadas pelo órgão e pela Agência Nacional de Mineração (ANM)

O fechamento das minas nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, aponta Lopes, não inviabiliza a mineração: “existe a possibilidade de novas minas em áreas não habitadas, basta a Braskem querer e licenciar”, aponta.

A área liberada de lavra da Braskem, avalia Gustavo, “é enorme e nossas jazidas de sal-gema são gigante”, afirma.

Entre as possibilidades, emenda, “existe uma área próxima a sede da cavalaria da PM (em Maceió), que eu soube que é muito positiva, mas realmente ainda não parei para verificar a veracidade desse fato. Recebi essa informação do pessoal da ANM, mas não confirmei”.

Essa área, segundo o presidente do IMA seria inabitada. Além disso existiriam diversas outras áreas.

“Realmente agora depende da Braskem”, resume.

Ao ser questionado de “seria muito complicado processo de licenciamento”, pondera que “a equipe do IMA só vai se debruçar nessas áreas quando a Braskem der entrada no pedido de licenciamento no órgão”, diz, para acrescentar que “o mais complicado eles já tem, que é a lavra dada pela ANM”.

Ainda não se sabe qual o real impacto da paralisação da Braskem na economia de Alagoas. A empresa é a base da cadeia da química e do plástico no estado, que tem cerca de 80 indústrias e gera mais de 20 mil empregos diretos e indiretos.

Qual o nosso tamanho?

As informações são do Sumário Mineral Brasileiro de 2016. As reservas de sal-gema de Maceió representam 13% das reservas nacionais conhecidas.

Em 2008, eram 2.882 milhões de toneladas (13,4%) e em 2010 2.984 milhões de t (14%).

Veja trecho do relatório:

“Em termos de reservas mundiais, a oferta de sal é considerada ilimitada. A quantidade de sal nos oceanos é praticamente inesgotável. Quase todos os países têm depósitos de sal ou lidam com operações de evaporação solar de vários tamanhos. No Brasil, as reservas de sal-gema (medidas + indicadas +inferidas) aprovadas pelo DNPM não sofreram alteração mantendo-se em cerca de 21.630 Mt, assim distribuídas: Conceição da Barra, ES (54%); São Mateus, ES (4%); Ecoporanga, ES (3%); Maceió, AL (13%); e Vera Cruz, BA (6%). Rosário do Catete, SE (16%) e Nova Olinda, AM, em que são conhecidas reservas de sal-gema na silvinita (4%). Com relação ao sal marinho, existem salinas em atividades nos estados do Rio Grande do Norte, 95% do total nacional, Rio de Janeiro, Ceará e Piauí”.