Política
Atraso na distribuição de sementes é absurdo, diz Maia
Prazo afeta a janela de plantio dos produtores, prejuízo atinge cem mil famílias
Em tom de desabafo, o deputado estadual Davi Maia (DEM) se pronunciou na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), cobrando explicações do governo sobre o atraso na distribuição de sementes. A lei 7.985/18 reconhece o Programa de Distribuição de Sementes como de execução continuada. Sua primeira cobrança foi em 24 de abril. Na época, o deputado estadual Sílvio Camelo disse que o governador Renan Filho tinha decidido liberar os recursos para a compra das sementes.
“Se é continuada deve ser implantada todos os anos. Pela primeira vez em 20 anos Alagoas não terá o programa, é um absurdo!”, afirmou durante discurso na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado, nessa quarta-feira, 29. Confira o texto publicado pelo jornalista Edivaldo Júnior:
No discurso, Maia disse a apesar de divulgado pela imprensa que o Governo autorizou a distribuição das sementes “até agora, nada foi feito”. E emendou: “é inacreditável que o Governo, em plena crise econômica vivenciada pela população, não dê a devida importância a essa programa imprescindível para os agricultores alagoanos”, afirmou.
Passados mais de 30 dias, o processo de licitação foi aberto. A previsão mais otimista dos técnicos da Secretaria de Agricultura do Estado é que as sementes, se compradas, só chegarão a partir de 15 de julho.
Representantes da Fetag-AL já não acreditam mais na distribuição de sementes este ano. “Infelizmente não há mais tempo para o plantio”, aponta Robério Oliveira, secretário de Políticas Agrícolas da entidade.
Segundo estimativa da Secretaria de Agricultura cerca de 90 mil famílias seriam beneficiadas com o programa. De acordo com a Fetag-AL, os prejuízos atingem mais de 100 mil famílias.
Além do atraso, a entidade também reclama da redução de recursos. Em 2018 o governo de Alagoas aprovou, através do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep) R$ 12,7 milhões para o Programa de Distribuição de Sementes. Em 2019, foram aprovados R$ 5,9 milhões.
A redução passa dos 53%. Na prática, alerta Robério Oliveira, o corte pode chegar a 100%. “Pelo trâmite legal do processo até agora, temos a certeza que este ano o Estado não comprará, em tempo hábil, as sementes de feijão de arranque e milho para a agricultura familiar”, alerta.