Política

Greenwald afirma não ter medo e que vazamentos continuarão

Jornalista reforçou não estar a serviço de nenhum partido

Por Agência Senado 11/07/2019 14h02
Greenwald afirma não ter medo e que vazamentos continuarão
Reprodução

Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, afirmou em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que suposta investigação à sua vida e de profissionais do site, orquestrada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, por meio da Polícia Federal, seria atentado à liberdade de imprensa. Glenn afirmou ainda que não teme investigação e que os vazamentos irão continuar. 

"Há notícias de que ele está investigando e ele nunca negou. Isso mostra a mentalidade do ministro. Ele quer que fiquemos com medo e apreensão. Não temos medo nenhum. Continuamos publicando depois disso. Vamos continuar publicando", disse.

Greenwald foi convidado pela CCJ, a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para falar sobre os vazamentos de conversas entre o ex-juiz e atual ministro Moro, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, e outros procuradores, pelo aplicativo Telegram.

O jornalista contou que recebeu as informações de uma fonte que não quer ser revelada e ressaltou que a Constituição Federal e o Código de Ética dos Jornalistas garantem o sigilo.

"Eu li a Constituição brasileira que protege e garante exatamente o que estamos fazendo e confio muito nas instituições brasileiras para aplicar e proteger esses direitos. O clima que o ministro está tentando criar é de uma ameaça à imprensa livre", disse.

Glenn, que é também advogado formado nos Estados Unidos, disse ter ficado chocado ao ler o material pela primeira vez.

"Eu tinha nas minhas mãos a evidência mostrando que o tempo todo Sergio Moro estava não só colaborando com os procuradores, mas mandando na força-tarefa da Lava Jato", relatou.

Em sua exposição inicial, o jornalista também lamentou a baixa presença de senadores, em especial do partido do governo, que, segundo ele, o atacam virtualmente mas não compareceram para debater.

"Eu gostaria muito de discutir frente a frente essas acusações falsas que eles estão espalhando quando não estou presente e esta é uma oportunidade para discutir essas acusações na minha cara, para examinar se elas são falsas ou verdadeiras, mas infelizmente eles não estão aqui para fazer isso", apontou.

O jornalista americano reforçou ainda que não está à serviço de nenhum partido ou político:

"Eu sou jornalista, não sou político. Não tenho fidelidade com qualquer partido. Publicamos artigos criticando partido de direita e de esquerda, inclusive o do meu marido [David Miranda, do PSOL-RJ]. Somos independentes. Estamos defendendo os princípios cruciais e fundamentais para uma democracia: a imprensa livre", reforçou.