A trama entre o procurador Deltan Dallagnol, com um partido político (Rede), contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, foi alvo da segunda representação do senador Renan Calheiros (MDB-AL) contra o coordenador da Lava Jato.

A Vaza Jato já revelou diversos diálogos em que fica claro que Deltan agiu combinado com o então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça, para garantir a condenação de réus.

Os trechos de diálogos revelados pelo The Intercept em que Dallagnol aparece conspirando com um partido político contra um ministro do STF, foram considerados mais graves por Renan Calheiros.

Em discurso no Senado, nesta quarta-feira (18), o senador anunciou o novo processo contra o Dallagnol: “Apresentei a 2ª representação contra o procurador que nunca procurou justiça. Só poder e dinheiro. Deltan violou a constituição e perseguiu o ministro Gilmar Mendes clandestinamente”, disse.

No seu discurso, o senador Renan Calheiros acusou o procurador de maquinar um “conluio” e leu trechos de conversas de Dallagnoll com outros procuradores, em dias alternados, para em seguida afirmar que o Deltan trapaceou, burlando as próprias limitações legais.

“Em menos de 48h, uma barriga de aluguel partidária gerou um filho bastardo, cuja paternidade, agora conhecemos, se trata de um laranja processual usado para usurpação. A partir daí, as convicções do grupo sobre a ministra Carmem Lúcia merecem só desprezo. Sabia Dallagnoll, como sempre soube, como sempre soube o Brasil, se tratar de um crime pelo qual ele precisa, ele e seus parceiros, serem definitivamente responsabilizados”, afirmou Renan.

Nas redes

Trecho do discurso de Renan Calheiros foi publicado em sua conta no Twitter.

“Trapaceando senhor presidente para burlar as próprias limitações legais, o Deltan Dallagnol maquinou um conluio com um partido político para perseguir o ministro do Supremo Tribunal Federal através de uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental”, disse.

“Em diálogo de 9 de outubro de 2018, Deltan detalha a conspiração aos procuradores. Aspas ‘melhor solução alcançada ADPF da Rede para preservar o juiz natural’, fecha aspas. Duas horas e meia depois ele revela ter encontrado um comparsa. Aspas ‘Radolfe super topou. Ia passar para Daniel assessor jurídico já ir minutando, já ir minutando a ADPF’, afirmou.

Renan continua: “No dia seguinte, 10 de outubro, o procurador Diogo Castor assume sua incumbência na quadrilha. ‘Mandei a sugestão de ADPF pro assessor de Randolfe’ fecha aspas. Dando sequência ao complô , Deltan Dallagnol em 11 de outubro antecipa ao grupo. Aspas novamente ‘hoje protocolada a ADPF da Rede contra Gilmar Mendes’, fecha aspas".

“A ADPF existe, a autoria é conhecida e envolveu dois assessores de um partido político. Em menos de 48 horas uma barriga de aluguel partidária gerou um filho bastardo cuja paternidade senhoras senhor presidente senhores senadores senhoras senadoras agora conhecemos”, completou.