Política

PSL de Arapiraca quer vereadores fora da disputa nas eleições 2020

Decisão anunciada pelo presidente municipal, Abelardo Silva, atinge Edvânio do Zé Baixinho e Márcio Marques

Por Gazetaweb 03/10/2019 10h10
PSL de Arapiraca quer vereadores fora da disputa nas eleições 2020

Assim como tem acontecido em outras cidades do País, a exemplo de São Paulo e Rio de Janeiro, dirigentes do PSL em Arapiraca, partido do presidente Jair Bolsonaro, têm travado embates públicos na busca por espaços, que acabam por atingir até mesmo representantes eleitos pela legenda. Na segundo maior colégio eleitoral de Alagoas, em Arapiraca, o presidente do diretório municipal, Abelardo Silva, publicou em rede social que não terá candidatos com mandato às eleições municipais de 2020.

 A postura, considerada "ditatorial", atinge em cheio os dois vereadores em atuação na Câmara Municipal e provocou manifestações críticas de representantes do Legislativo, Edvânio do Zé Baixinho, eleito pela legenda, afirmou nesta quarta-feira (2) que deve concorrer à reeleição. O embate deve parar no diretório estadual da legenda.

"A Lei Eleitoral dá o direito de concorrer à reeleição pelo mesmo partido. O Estatuto do PSL reza isso ai, me dando o direito de disputar nova eleição. Naturalmente, o partido que tem vereadores eleitos com mandato, tem por obrigação assegurar a candidatura. Admiro a radicalidade do presidente [Abelardo Silva]. Ele não respeita o Estatuto e nem quer o crescimento do partido. Não tiro o direito nem a razão de dizer que não aceita representantes com mandatos de outras siglas, mas do próprio PSL isso é infantilidade ou mesmo falta de patriotismo", declarou o vereador Edvânio do Zé Baixinho, eleito pelo PSL antes mesmo da entrada de Jair Bolsonaro na legenda e a posterior vitória nas urnas como presidente do Brasil.

Além de Edvânio, o PSL em Arapiraca conta ainda Márcio Marques como vereador em atuação pela legenda - ele ficou na primeira suplência e assumiu o mandato este ano na vaga aberta com a saída da vereadora Graça Lisboa (PDT), que assumiu a Secretaria Municipal de Articulação Institucional.

A posição de Abelardo Silva foi publicada em rede social, há três dias, após encontro com novos filiados da legenda, para tratar sobre as eleições municipais do ano que vem. Como justificativa, ele declarou que os atuais políticos de mandato ingressaram no PSL quando "o partido era considerado nanico" e ainda não tinha as ideologias do presidente Jair Bolsonaro, que ingressou na legenda em 2018 apenas com o objetivo de se tornar presidente.

"Buscamos formar um grupo de pessoas que defendam as causas do partido, que hoje é considerado o maior do Brasil, com 76 deputados estaduais, 53 deputados federais, 4 senadores, 3 governadores e o presidente", afirmou o presidente municipal.

Edvânio do Zé Baixinho, que fazia parte da legenda antes mesmo da chegada dos atuais dirigentes, fez campanha para Bolsonaro, buscou apoios e até hoje mantém adesivo em seu veículo do presidente eleito.

"Não vou sair da sigla. Até para expulsar é preciso ter justificativa para isso. Tirar o direito de concorrer dentro de um partido democrático, mas com um presidente que adota um modelo ditador, a Justiça está aí para julgar quem está certo ou errado", reforçou o vereador. Edvânio ressaltou ainda que até esta quarta-feira não havia recebido nenhuma informação oficial por parte do partido e que havia entrado em contato com o presidente estadual da legenda, Flávio Moreno, desde a manifestação de Abelardo Silva, mas que permanece até agora sem respostas. 

Em contato com a  Gazetaweb, Flávio Moreno declarou que os diretórios municipais estão em sincronia com a direção estadual. 

"Buscamos está alinhados. Teremos um encontro com os presidentes municipais do PSL para alinharmos as estratégias para 2020. Cada município tem uma realidade. Estamos já com 50 diretórios municipais montados, buscamos pessoas alinhadas às novas diretrizes partidárias, priorizamos na direção partidária aqueles que estiveram conosco no primeiro e segundo turno, salvo raras exceções, ou por não interesse ou divergências locais. Muitos que estavam no PSL anteriormente à entrada do Bolsonaro no partido não acreditaram no sucesso do PSL Estadual e na eleição do Bolsonaro. Aqui, em Alagoas, fomos o terceiro partido mais votado em 2018, demos junto com os Bolsonarianos nos municípios, a melhor votação ao presidente Bolsonaro no Nordeste, no Estado e Capital", enfatizou Moreno, que já esteve presente na cidade para filiar os novos dirigentes partidários. 

Na ocasião, eles apresentaram como "pré-candidato" a prefeito de Arapiraca o advogado Cláudio Canuto. Na Câmara Municipal de Arapiraca, vereadores  usaram na tribuna na sessão na noite dessa terça-feira (01), para criticarem a postura do presidente municipal e saírem em defesa dos colegas do PSL.  "Eu quero sabe se alguém do partido, que não seja os dois vereadores de mandato, vai sentar ao lado de vereadores de outros partidos, ou será feita uma espécie de cabine exclusiva para que os vereadores eleitos fiquem isolados dos demais?", indagou Leo Saturnino (MDB), seguido de apoio do também vereador Willomaks da Saúde (PRP).

 As disputas internas no PSL têm ocorrido em diretórios como o de São Paulo e do Rio de Janeiro, ambos controlados por Eduardo e Flávio Bolsonaro, filhos do presidente.