Política

Secretário explica na ALE gasto milionário com Missão à China

Por Gazetaweb 04/10/2019 12h12
Secretário explica na ALE gasto milionário com Missão à China
Reprodução

A "Missão China" alardeada em tom carnavalesco pelo governo Renan Filho (MDB) como redenção econômica para Alagoas foi tema de uma audiência pública, na Assembleia Legislativa Estadual (ALE), na tarde desta quarta-feira (2). Perguntado sobre os resultados práticos para o estado, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito, mudou o tom inicial e confirmou que os anúncios já estavam previstos, mas a "ida" concretizou, supostamente, o "negócio da China". 

Apesar da presença do governador no grupo que foi ao outro lado do mundo, Rafael Brito se apresentou nas redes sociais como o responsável e coordenador da comitiva alagoana. "Na minha visão, dizer que foi uma viagem necessária é uma palavra fraca. A missão China, para Alagoas, é fundamental. Algo de extrema importância porque somos um Estado, não somos conhecidos mundialmente", reagiu Brito ao ser confrontado pela reportagem sobre os anúncios "requentados" pelo governo. 

O secretário participou da audiência pública após o deputado Davi Maia apresentar um requerimento para que o secretário prestasse esclarecimentos sobre a Missão China.

Rafael Brito preferiu esquivar-se de qualquer polêmica sobre detalhes da viagem, como os custos e os resultados práticos para Alagoas, já que, conforme denúncia da Gazetaweb, o governo requentou os anúncios. Ao invés disso, o secretário preferiu falar das potencialidades destacadas no Estado e que precisavam ser repercutidas fora do país.

Mas foi a viagem à China quem primeiro despertou a necessidade da presença do secretário no parlamento. A repercussão de que a viagem serviu para anunciar apenas investimentos já previstos de duas empresas era a principal indagação dos deputados de oposição na ALE.

Durante os debates na Casa, também foi levantado os custos da viagem, que totalizaram R$ 612 mil apenas com o evento, fora diárias e outros custos que foram necessários para a ida à China, a exemplo de passagens. A quantidade de pessoas na comitiva - 15 ao todo - foi outro ponto que provocou repercussão entre alguns parlamentares que estavam presentes na audiência na Casa de Tavares Bastos. 

Mas o resultado da missão à China é o ponto que mais intriga os parlamentares. De acordo com o que foi revelado, o investimento anunciado pela empresa GSPak, de R$ 187 milhões, já estava previsto desde 2018. Conforme reportagens da época, a própria gigante na fabricação de embalagens havia divulgado essa meta de investimento.

Ao final da reunião, o deputado Davi Maia destacou que o secretário não soube explicar alguns pontos da viagem ou o número de pessoas na comitiva. "Ficou claro que missões internacionais são importantes, porém, uma coisa foi observada: muita gente que não tinha nada a ver com o assunto estava presente e o secretário não soube bem explicar. Em relação ao Consórcio Nordeste, fica nossa ressalva, não podemos usar uma peça importante de desenvolvimento, de gestão pública para ser uma arma político-ideológica. Isso tem nos deixado temerosos. Esperamos que as nossas emendas, que fizemos ao projeto de lei, sejam aprovadas, impedindo o desvirtuamento do Consórcio", finalizou.

Consórcio Nordeste

Rafael Brito foi convidado a comparecer à ALE também para falar sobre o Consórcio Nordeste. Desde que surgiu após o encontro dos governadores da região, a proposta tem sido criticada principalmente pelo deputado Davi Maia (DEM). Além dele, também acompanharam a reunião os deputados Breno Albuquerque (PRTB), Cabo Bebeto (PSL), e o líder do governo, deputado Silvio Camelo (PV).