Política

Governo abandona ponte de mais de R$ 7 milhões em Rio Largo

Facilitaria o tráfego de caminhões para a Ceasa e desafogaria parte do trânsito pesado na Fernandes Lima

Por GazetaWeb 07/02/2020 10h10
Governo abandona ponte de mais de R$ 7 milhões em Rio Largo
Foto: Arnaldo Ferreira

Depois de seis anos de espera, a nova ponte sobre o rio Mundaú, que liga a AL-404 à BR-316, finalmente ficou pronta. Ela é um dos equipamentos fundamentais de uma das vias alternativas para acesso à Ceasa, no bairro da Forene, na parte alta de Maceió. 

A obra custou mais de R$ 7 milhões (R$ 7.247.887,27 em valores exatos) e é esperada por centenas de caminhoneiros, moradores das comunidades da Usina Utinga e transportadores de ônibus escolares e de trabalhadores rurais. Mas, para desespero de muita gente que depende do equipamento, esta é mais uma das obras milionárias do governo de Alagoas que foi abandonada e ainda não tem data de conclusão. 

Ocorre que a ponte, apesar de finalizada, hoje liga nada a lugar nenhum. Foi construída paralela à antiga que caiu. A nova está fora do traçado original da pista. Segundo os moradores locais, a estrada - para ser reaberta - precisará da construção das cabeceiras, além de outras obras de recuperação. A via, que está esburacada, precisará de reparos, inclusive nos 11 quilômetros de acostamento, e necessitará mudar o traçado para acoplar a cabeceiras. 

Pelo que diz a placa da obra, instalada pelo governo de Alagoas, os órgãos responsáveis pela obra são a Secretaria de Transporte e Desenvolvimento Urbano (Setrand) e o Departamento de Estradas de Rodagens (DER). A ponte nova tem extensão de 144,35 metros na rodovia AL-404, no município de Rio Largo. A construção começou a ser planejada em outubro de 2017. 

Curiosamente, na placa não consta a previsão de conclusão, o que faz aumentar o desespero dos caminhoneiros que transportam mercadorias para o Ceasa e, hoje, precisam aumentar o percurso passando pelo congestionado centro de Maceió ou pela BR-101, perto da antiga rotatória da PRF; sem falar nos transtornos que causam também na conturbada Avenida Fernandes Lima, nos dois sentidos. 

As comunidades de trabalhadores rurais da Usina Utinga Leão também são obrigadas a aumentar o percurso em mais 20 quilômetros, porque a via principal está interrompida, conforme reclamou o vigilante Ricardo dos Santos, que mora na rua nova e, diariamente, faz o percurso alternativo, passando pela entrada da usina.

CHEIA

Os problemas naquela região estratégica por onde escoam tráfego de cana-de- açúcar da usina, ônibus de trabalhadores rurais e escolares, caminhões de alimentos para a Ceasa e carros pequenos que tentam escapar dos engarrafamentos da Avenida Fernandes Lima começaram na cheia de 2010, no governo Teotônio Vilela Filho (PSDB). 

A força da água do rio Mundaú que destruiu parcialmente 19 cidades alagoanas deixou mais de 170 mil desabrigados, 30 mortos e comprometeu as estruturas de algumas pontes, dentre elas a de Rio Largo. Quatro anos depois, em setembro de 2014, a ponte desabou, sem causar vítimas. Um engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagens esteve no local e constatou perda total da estrutura. 

De acordo com a assessoria do DER, em 2014, o órgão sinalizou e isolou a área. As informações da avaliação foram repassadas para a diretoria de obras, encarregada para elaborar estudos de reconstrução da ponte que vinha recebendo intervenções na cabeceira, como muros de contenção na tentativa de conter a erosão às margens do rio. 

Sem a rodovia estadual, os moradores da região passaram a percorrer vias alternativas que aumentam o percurso em 20 quilômetros, por estradas de barro. No período chuvoso, as rotas alternativas ficam intransitáveis até a AL-404. Antes, com a ponte, o percurso era de 11 quilômetros entre Rio Largo e Satuba.