Política

Página fake foi criada com e-mail do gabinete de Eduardo Bolsonaro

Os dados foram enviados à CPMI pelo Facebook em resposta a um pedido do deputado Túlio Gadêlha (PDT-PE)

Por O GLOBO 05/03/2020 09h09
Página fake foi criada com e-mail do gabinete de Eduardo Bolsonaro
Reprodução

Uma das páginas envolvidas em ataques virtuais investigadas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News foi criada com um e-mail utilizado pelo gabinete do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O perfil no Facebook, que tinha o nome de “Bolsofeio”, saiu do ar durante a tarde de terça-feira (3), mas foi citado em depoimento da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) como uma das principais contas usadas para atacar adversários do presidente Jair Bolsonaro.

A informação foi publicada nessa quarta-feira (4) pelo Uol e confirmada pelo GLOBO. Os dados foram enviados à CPMI pelo Facebook em resposta a um pedido do deputado Túlio Gadêlha (PDT-PE), apresentado após o depoimento de Joice Hasselmann. Quando prestou depoimento à comissão, a deputada havia dito que reuniu informações sobre perfis no Twitter, Facebook e Instagram  e que Eduardo estava "amplamente envolvido" na coordenação de ataques virtuais.

O e-mail usado para criar a conta é mantido pelo assessor Eduardo Guimarães e consta como endereço de contato em prestações de contas apresentadas pelo gabinete de Eduardo Bolsonaro à Câmara. A página “Bolsofeio” foi criada em um computador localizado na Câmara e, antes de sair do ar, publicava ataques a instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas e adversários políticos da família Bolsonaro. Questionado sobre os dados enviados à CPMI, Eduardo Bolsonaro respondeu em tom irônico:

"Estou pensando o que eu vou fazer, estou pensando o que fazer. Olha, mas... qual infração foi cometida? Mandar esse pessoal catar coquinho. Eu vou dar um aumento para o meu funcionário, se isso aí for verdade", disse. 

No início de dezembro do ano passado, quando prestou depoimento à CPI, Joice Hasselmann tinha dito que assessores e o próprio deputado estavam envolvidos na coordenação de ataques.

"As instruções são passadas, principalmente pelo Eduardo e assessores ligados a ele. O Carlos [Bolsonaro] também teve muita atividade, mas agora ele está mais com o freio de mão puxado", afirmou a deputada no dia 4 de dezembro, quando prestou depoimento à comissão.