Política

Senador de AL critica distribuição desigual do bolsa família de Bolsonaro

Os números são oficiais. Os dados fornecidos pelo Ministério da Cidadania ao Congresso Nacional e obtidos pelo Estadão/Broadcast

Por Blog Edivaldo Junior 08/03/2020 14h02
Senador de AL critica distribuição desigual do bolsa família de Bolsonaro
Foto: Reprodução

Os números são oficiais. Os dados fornecidos pelo Ministério da Cidadania ao Congresso Nacional e obtidos pelo Estadão/Broadcast. A reportagem revela que o governo do presidente Jair Bolsonaro priorizou Estados mais ricos do Sul e Sudeste do Brasil na concessão de novos benefícios do Programa Bolsa Família (PBF), “em detrimento da Região Nordeste, que concentra 36,8% das famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza na fila de espera do programa”.

Segundo os dados do Ministério da Cidadania, em janeiro deste ano o Nordeste recebeu 3% dos novos benefícios enquanto Sul e Sudeste responderam por 75% das novas concessões. “Para se ter uma ideia, o número de novos benefícios concedidos em Santa Catarina, que tem população oito vezes menor que o Nordeste e é governada por Carlos Moisés (PSL), foi o dobro do repassado à região nordestina inteira, cujos governadores são da oposição”, diz trecho da reportagem.

O senador Renan Calheiros condenou a “inversão” do Programa Bolsa Família (PBF). “Os números mostram um favorecimento no pagamento do benefício aos eleitores de regiões fiéis ao presidente Bolsonaro. Cabe aos presidentes da Câmara e do Senado pedir explicações para manter a eficácia do programa”, afirmou o senador à reportagem do Estadão.”

Também no Twitter, Renan Calheiros condenou o ‘descalabro’ do programa: “Como relator do Bolsa Família, não concordo com o descalabro do programa. A inversão que passa a privilegiar o Sul, em detrimento de quem mais precisa, o Nordeste, deve ser corrigida pelo Congresso. Isso é nosso papel. Não sequestrar 30 ou 20 bi do orçamento, mesmo que por PLN”, disse.

No Twitter o senador também divulgou a planilha de dados que serviu de base para a reportagem do Estadão. (veja abaixo)

Inversão também no Norte

Os benefícios a “eleitores” de Bolsonaro não se restringem a região Sul. Rondônia, governado pelo Coronel Marcos Rocha, filiado ao Partido Social Liberal (PSL), foi o Estado que recebeu, proporcionalmente o maior número de benefícios. Fora 4.875 novos benefícios, o equivalente a 18,43% da fila de espera do Cadunico naquele Estado. Pará, governo por Helder Barbalho (MDB), que tem mais de 218 mil famnílias no Cadunico sem acesso ao PBF teve apenas 488 novos benefícios, o equivalente a 0,22% da fila de espera.

Sozinho Rondônia conseguiu emplacar 2,3 vezes mais pessoas no PBF em janeiro do que todos os outros Estados da região. Na região Norte foram 6.857 novos benefícios, sendo 2.072 para seis Estados e 4,7 mil para Rondônia.

 

Como relator do Bolsa Família, não concordo com o descalabro do programa. A inversão que passa a privilegiar o Sul, em detrimento de quem mais precisa, o Nordeste, deve ser corrigida pelo Congresso. Isso é nosso papel. Não sequestrar 30 ou 20 bi do orçamento, mesmo que por PLN.

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‘Punindo’ Alagoas e o Nordeste

Em janeiro de 2019, quando Jair Bolsonaro assumiu a presidência da república, o Brasil tinha 13.760.887 de beneficiários do PBF. Em dezembro do mesmo ano esse número havia caído para 13.170.607 uma redução de 590 mil beneficiários.

Do total de cortes foram mais de 200 mil no Nordeste (que saiu de 6,9 milhões para 6,7 milhões de beneficiários no Nordeste.

Em igual período foram cortados mais de 15 mil beneficiários de Alagoas ( qualquer saiu de 402,9 mil 387,1 mil beneficiários).

Em janeiro, o governo de Jair Bolsonaro incluiu 100 mil novas famílias e apenas 3 mil ou 3% foram destinados ao Nordeste. Alagoas por exemplo teve apenas 111 novos benefícios no primeiro mês de 2020 o que representa crescimento de apenas 0,15% no número de beneficiários do PBF, um dos mais baixos do país.

Segundo os dados repassados pelo Ministério da Cidadania ao Congresso Nacional, o governo encontrou espaço em janeiro para incluir no programa famílias que estavam à espera do benefício. Foram 100 mil contempladas: 45,7 mil delas no Sudeste, 29,3 mil no Sul, 15 mil no Centro-Oeste e 6,6 mil no Norte. O Nordeste recebeu 3.035 novos benefícios e manteve a média mais magra de meses anteriores.

Não é só Renan

A redução da participação do Nordeste nas novas concessões de benefícios do Bolsa Família pode significar o rompimento da região com o governo federal. O alerta foi feito nessa sexta-feira, 6, pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) à reportagem do Estadão.

O senador tucano divulgou vídeo nas redes sociais em que condena a menor distribuição de benefícios para o Nordeste, onde está o maior número de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza no País “Isso pode significar o rompimento do Nordeste com o governo federal”, avisou. A bancada do Nordeste tem 151 deputados e 27 senadores.

“Estou solicitando a convocação, com urgência, do Ministro da Cidadania ( Onyx Lorenzoni) para vir ao Senado Federal e explicar esse fato, para que possamos tomar as medidas cabíveis. Isso pode significar o rompimento do Nordeste com o Governo Federal”, disse Tasso no Twitter.

 

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