Política
Pesquisa Datafolha: 53% dos brasileiros acreditam que país terá mais corrupção
Levantamento foi feito em meio às denúncias que atingem o Ministério da Educação sob o governo Jair Bolsonaro (PL)
Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha na terça (22) e quarta-feira (23), 53% dos entrevistados possuem a percepção de que a corrupção no Brasil vai aumentar daqui para a frente. Na sondagem anterior, realizada em dezembro de 2021, apenas 36% tinham esse pensamento.
Outros 17% acham que os casos vão diminuir e 26% pensam que ficarão como estão; 4% não sabem.
O levantamento foi feito em meio às denúncias que atingem o Ministério da Educação sob o governo Jair Bolsonaro (PL), com suspeita de envolvimento de pastores em um esquema de propina.
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Os números, colhidos pelo instituto junto com questões sobre a avaliação do governo (que teve queda na reprovação) e as principais preocupações do brasileiro (saúde e economia no topo), mostram uma guinada na comparação com os retratados pelo instituto em dezembro.
O salto de agora mostra um pessimismo maior, com mais da metade (53%) aguardando piora no cenário, mas ainda distante do pico alcançado em março de 2021 (67%).
Naquela época, além da aliança do presidente com o centrão, o noticiário estava salpicado de revelações sobre os esquemas de "rachadinhas" da família Bolsonaro e o episódio da nebulosa compra de uma mansão de R$ 6 milhões por seu filho Flávio, senador pelo PL-RJ.
Em campanha à reeleição, ameaçada hoje pela liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas, Bolsonaro repete quase diariamente que seu governo não tem casos de corrupção, discurso que ficou abalado nos últimos dias pela crise no MEC.
As entrevistas da pesquisa começaram na terça, quatro dias após a publicação das primeiras denúncias sobre a atuação e a influência dos pastores em liberações de verbas na pasta que era comandada por Milton Ribeiro. O tema, entretanto, não fazia parte diretamente do questionário aplicado pelo instituto.
Dados
Segundo o Datafolha, a expectativa do aumento de corrupção, que na média geral está em 53%, é ainda maior entre mulheres (58%), pessoas com ensino fundamental (59%) e quem ganha até dois salários mínimos (59%). É menor, contudo, entre os que recebem mais de dez salários (38%).
Já a avaliação sobre diminuição de malfeitos, de 17% na média, é superior entre homens (20%), quem tem ensino superior (20%) e pessoas com renda acima de dez salários (26%). E tem menos adesão entre jovens de 16 a 24 anos (14%), por exemplo.
A corrupção, que, no auge da Operação Lava Jato, entre 2015 e 2017, chegou a ser apontada como o principal problema do país, com menções na casa dos 35%, hoje é citada por apenas 5% dos ouvidos pelo Datafolha. Saúde (22%) e economia (15%) são as maiores preocupações atualmente.
A pesquisa, que possui margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos, ouviu 2.556 pessoas acima de 16 anos, em 181 cidades de todo o país, e está registrada no TSE sob o número BR-08967/2022.