Política

Eleição indireta e dupla vacância no poder já aconteceram na política de Alagoas

Em 1979, após renúncia de Divaldo Suruagy e morte do vice, Antônio Gomes de Barros, assembleia elegeu Geraldo Melo para governador

Por Redação com ALE-AL 20/04/2022 17h05 - Atualizado em 20/04/2022 18h06
Eleição indireta e dupla vacância no poder já aconteceram na política de Alagoas
Geraldo Melo eleito governador pelo Parlamento. - Foto: Gazeta de Alagoas

Com a saída de Luciano Barbosa (MDB), que deixou o cargo de vice-governador para concorrer a prefeitura de Arapiraca e, mais recentemente a renúncia do governador Renan Filho (MDB) para disputar uma cadeira no Senado Federal, estabeleceu-se, em Alagoas, uma situação no mínimo curiosa.

A dupla vacância nos cargos do executivo estadual faz com que Alagoas precise de um governador-tampão, escolhido por eleição indireta, que ficará no poder até as próximas eleições, em outubro. Mas essa, porém, não é a primeira vez que isso acontece na tão movimentada política do estado.

Em 1978 ocorreu uma situação semelhante que resultou na realização de uma eleição indireta no Parlamento alagoano, com a renúncia do então governador Divaldo Suruagy, que deixou o cargo para pleitear uma vaga na Câmara Federal. Já o vice, Antônio Gomes de Barros havia falecido em 1976.

Com isso, o Governo foi assumido pelo então presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Ernande Lopes Dorvillé, em 14 de agosto de 1978 e trinta dias depois, Geraldo Medeiros Melo foi eleito, por unanimidade, ficando à frente do Executivo até entregar o cargo a Guilherme Palmeira, em março de 1979. Para o cargo de vice-governador foi eleito o ex-deputado e pecuarista Antônio Guedes do Amaral.

Geraldo Melo e Antônio Guedes do Amaral comandaram o Estado pelo período de sete meses. Desta vez, os eleitos pela Assembleia Legislativa ficarão no cargo por cinco meses, até as eleições diretas, que serão realizadas em 2 de outubro.

O prestígio da eleição indireta, à época, foi tão grande que o então deputado José Tavares, que se recuperava de um acidente automobilístico, foi à Assembleia Legislativa somente para votar nos dois candidatos.

Após a eleição, Geraldo Melo disse que daria continuidade aos trabalhos iniciados na gestão de Divaldo Suruagy, com a mesma equipe que o ajudou a construir sua administração. “Jamais pensaria em substituir homens que souberam corresponder a confiança do povo e do Governo”, disse.

Renúncia


Em pleno período de ditadura, Geraldo Melo era presidente do Legislativo e renunciou ao mandato um dia antes do pleito, conforme ata da sessão ordinária do dia 12 de setembro de 1978, sendo a presidência do Poder assumida pelo deputado José Bandeira.

De acordo com a ata, durante a sessão, foi lido o requerimento da Aliança Renovadora Nacional (Arena) solicitando o registro das candidaturas de Geraldo Melo e Antônio Guedes do Amaral como candidatos a governador e vice-governador do Estado respectivamente, à eleição de 13 de setembro daquele mesmo ano, pelo Colégio Eleitoral.

O documento histórico registra ainda a fala do deputado Jorge Quintela para dizer que, nos 16 anos como parlamentar, aquela era a primeira vez que assistia a renúncia de um presidente da Casa. “E como será eleito, acredito que o deputado Geraldo Melo será o continuador da formidável obra de Divaldo Suruagy”, disse Quintela. Na sequência, o então deputado Narcizo Lúcio elogiou a passagem de Geraldo Melo pelo Parlamento alagoano. “Como presidente do Poder Legislativo foi um homem equilibrado e honesto”, destacou Lúcio. A ata é encerrada com o pronunciamento de Melo agradecendo aos pares pelo apoio que lhe foi dado durante o período que esteve à frente da presidência da Casa.