Política

Deputado do PL defende colocar “professora comunista” em ‘paredão’ de fuzilamento

Chamada de “jumenta” na Comissão de Direitos Humanos, educadora usou imagem de “Cristo Crucificado” para discutir o “bandido bom é bandido morto”

Por É Assim 02/06/2022 11h11
Deputado do PL defende colocar “professora comunista” em ‘paredão’ de fuzilamento
Élder Mauro, deputado Federal (PL-PA) - Foto: Reprodução

O deputado federal bolsonarista Éder Mauro (PL-PA) defendeu na quarta-feira (1º) ontem, na Comissão de Direitos Humanos e Minoria, da Câmara dos Deputados, que uma professora fosse colocada em um “paredão” de fuzilamento. O “crime” dela foi por usar a imagem de Jesus Cristo em uma prova escolar.

O ator Mário Gomes teria denunciado uma professora por usar meme em uma prova feito com a obra “Cristo Crucificado”, do artista espanhol Diego Velásquez, no qual foi escrito sobre a imagem: “Bandido bom é bandido morto”. Pai de uma criança na escola, o ator abriu um boletim de ocorrência contra a docente por intolerância religiosa.

Ao comentar o caso na comissão de Direitos Humanos, o parlamentar sugeriu colocar a docente em um “paredão” de fuzilamento.

“Esta jumenta empoderada e comunista deveria ter sido colocada em um tribunal, num paredão, para que ela não levasse esse seu entendimento para a nossa juventude, que está em formação de caráter. Por isso, eu quero dizer aqui nesta Comissão de Direitos Humanos e Minoria que nós parássemos de ver o direito de minoria. Que nós nunca deixemos de ver o direito da maioria dos brasileiros que não quer esses valores errados”. Éder Mauro (PL-PA).

O parlamentar aproveitou para dizer quer as vítimas da ação policial que deixou mais de 23 mortos na Vila Cruzeiro, no Rio, eram “bandidos”. Isso ao lembrar que “Jesus Cristo vem nessa terra para salvar a humanidade e se ela não acredita em um Deus, que ela guarde para si essa simples e infeliz posição”.

A fala, novamente, que aconteceu na Comissão de Direitos Humanos e Minoria, contou com a reclamação de pouquíssimos colegas de Casa.

“Querer comparar o filho de Deus, que era o único filho dele, que mandou para essa terra para salvar a humanidade, que mandou nesta terra para trazer a paz para humanidade, que deu a sua vida pela humanidade, de bandido? Isso é inadmissível”.

O parlamentar também criticou colegas e os acusou, sem provas, de serem a favor de “tratar de ideologia de gênero para ensinar sexo para criança na escola” e ainda defendeu o armamento da população, alegando, sem trazer dados, que “a maioria brasileira é a favor”.

Assassino confesso

No ano passado, em meio a uma discussão com deputados do PT e do PSOL, daquela vez na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, o deputado Éder Mauro havia dito que já matou muita gente, se referindo ao tempo em que atuou como delegado de polícia no Pará.

“Eu, infelizmente, já matei sim. E não foram poucos não, foi muita gente. Agora, tudo bandido, nenhum era cidadão de bem, nenhum era pai de família, nenhum era cidadão que pudesse estar na rua trabalhando para levar sustento para sua família. Eram pessoas como aquelas que morreram lá em Jacarezinho, que destrói famílias, que levam drogas para os seus filhos”, esbravejou o parlamentar”.