Política

Uma candidatura feminista e antirrascista em Alagoas

Jornalista e militante, Lenilda Luna é pré-candidata pelo Unidade Popular (UP) e quer representar os trabalhadores e trabalhadoras alagoanos no Congresso Nacional

Por Vinícius Rocha 01/08/2022 10h10 - Atualizado em 01/08/2022 12h12
Uma candidatura feminista e antirrascista em Alagoas
Lenilda Luna é jornalista e irá concorrer a uma vaga na Câmara Federal pela Unidade Popular em Alagoas - Foto: Reprodução/Instagram

Com um largo histórico de atuação na militância política, mas também uma carreira consagrada no jornalismo alagoano onde trabalhou como assessora e repórter de TV por mais de 18 anos, Lenilda Luna quer continuar contando histórias, mas agora, como protagonista na Câmara dos Deputados, em Brasília, representando alagoas como deputada federal pelo Unidade Popular (UP).

Para isso, ela concorrerá às eleições em 2022, mas, em entrevista ao Jornal de Alagoas, deixa claro que o protagonismo em sua candidatura é coletivo e não individual e que representa a luta das mulheres, das categorias de trabalhadores e trabalhadoras, dos defensores dos direitos individuais e coletivos.

Ela argumenta que as candidaturas da UP apresentam a proposta de uma sociedade igualitária e socialista e podem ser classificadas dentro do espectro político como de esquerda e populares. O partido mais novo no pleito deste ano, a Unidade Popular enfrentará sua primeira eleição e em Alagoas, além de candidatos para os cargos de deputado estadual e federal, caso de Lenilda, apoiará a chapa composta pelo PSOL, ao governo do estado e para senador.

Para o principal cargo político do país, o UP tem candidatura própria: Leonardo Péricles, de 40 anos, presidente do partido, técnico em eletrônica, morador de ocupação e que carrega consigo as bandeiras da reforma agrária e da redução do déficit habitacional no Brasil.

Lenilda Luna, Léo Péricles e Vânia da CoopVilla, candidata a deputada estadual pelo UP, durante visita do presidenciável em Maceió. Foto: Reprodução/Instagram


Para Lenilda, a luta em torno do tema da moradia no Brasil é constantemente relegada, mesmo sendo um direito garantido na constituição de 1988 e Léo Péricles, por ser um pré-candidato e uma liderança que mora em ocupação é motivo de orgulho para a alagoana. O pré-candidato à presidência esteve em Maceió em junho deste ano onde visitou comunidades e realizou agenda com apoiadores e com a imprensa local.

Dignidade para todos e todas


A defesa dos servidores públicos, o Sistema Único de Saúde (SUS) sem a interferência de organizações público-privada e o compromisso com pautas antirracistas, feministas e respeito à diversidade de gênero, garantindo “dignidade para todos as pessoas”, estão entre as principais linhas de atuação de um eventual futuro mandato de Lenilda Luna em Alagoas.

Outro compromisso importante, conta a jornalista, é a defesa do que ela chama de Justiça de Transição, “que nunca foi implantada no Brasil”.

Segundo ela, a não punição dos torturadores da Ditadura Militar deixa espaço para que hoje pessoas defendam tortura e execução dentro das instituições, “como é o caso do presidente fascista Bolsonaro, que não perde a oportunidade de incitar o ódio em seus seguidores”.

O discurso de ódio, diz Luna, "é capaz de matar, como vimos no recente caso do tesoureiro do PT assassinado em Foz do Iguaçu, Paraná. Vimos que ali esse tipo de discuso não é só figura de linguagem, nem retórica. A incitação à violência mata”.

Papel da esquerda


Lenilda considera que, mesmo em minoria, a esquerda ainda desempenha um papel importante na denúncia e na vigilância da atuação de deputados e deputadas dentro do Congresso Federal, citando, como exemplo, o trabalho desempenhado pelo deputado Glauber Braga (PSOL), que segundo ela fez toda a diferença para denunciar as falcatruas do orçamento secreto, o desmonte na Petrobrás e os cortes nas Universidades e Institutos Federais.

“Precisamos ter mais representantes que tenham a coragem de enfrentar as oligarquias e representar os interesses do povo no Congresso”, argumenta.

A jornalista afirma não acreditar e nem alimentar a ideia de “salvadores da pátria”. “É a força da organização coletiva que nos move”.

Em mensagem aos leitores e cidadãos alagoanos ela reitera que é possível fazer mudanças profundas nessa sociedade e a necessidade de acreditar nessas mudanças.

“É preciso escolher as candidaturas com consciência e acompanhar os mandatos parlamentares que indicamos para representar nosso Estado. .Todas as pessoas que se sentem exploradas e exaustas, precisam se juntar para ter voz nesse Congresso. Nosso voto é uma ferramenta importante. Vamos usá-lo com sabedoria e sede de Justiça! Tem que ter unidade popular”, conclui, fazendo referência ao nome do próprio partido.