Política
Jó alerta para violência política e violência contra as mulheres e fala sobre a “Alagoas da vida real”
A deputada também discorreu sobre a importância do turismo estratégico para o desenvolvimento econômico e geral de Alagoas
A deputada Jó Pereira (PSDB) trouxe ao Plenário da Assembleia Legislativa de Alagoas, na sessão desta terça-feira (16), importantes temas, a exemplo da necessidade de investimentos na saúde e no turismo, do enfrentamento à violência contra as mulheres, diante de mais um crime tendo como vítima uma motorista de aplicativo, e do repúdio à violência política, que voltou ao centro dos debates depois que o senador Rodrigo Cunha (União) foi agredido durante um jogo do ASA, em Arapiraca, no Dia dos Pais.
Inicialmente, em aparte ao pronunciamento do deputado Inácio Loiola nas áreas de turismo e saúde, Jó discorreu sobre a importância do turismo estratégico para o desenvolvimento econômico e geral de Alagoas. “É preciso criar e promover roteiros, destinos, não só em municípios isolados. E isso não foi feito pelo governo passado, nem o governo-tampão promoveu como deveria o turismo em Alagoas”.
Jó lamentou o posicionamento do colega sobre o desempenho da gestão Paulo Dantas, principalmente em relação à saúde. “Qualquer governo precisa promover a atenção básica, a média e a alta complexidade, priorizando não o apoiador político, mas o cidadão”, frisou, lembrando que obras na área da saúde foram entregues incompletas pelo ex-governador Renan Filho, a exemplo do Hospital da Criança. A deputada também refutou a afirmação, feita por Loiola, da facilidade de acesso ao atual secretário de Estado da Saúde. “É fácil para vossas excelências, que compõem a bancada do governador-tampão, mas precisa ser fácil para todos, porque política pública de Estado não é favor, é direito”.
“Lamento o que vem acontecendo com a saúde em Alagoas. Precisamos inaugurar o acesso dos alagoanos à saúde de qualidade e não obras de cimento, sem o serviço adequado. Torço para um dia ver a Alagoas da propaganda na vida real dos alagoanos e alagoanas”, prosseguiu.
Citando o protesto ocorrido nesta manhã na Avenida Fernandes Lima, em razão do assassinato da motorista de aplicativo Amanda Pereira, a deputada lembrou que, no dia 12 de julho deste ano, esteve na Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) pedindo providências sobre a violência em relação as mulheres motoristas de aplicativos, inclusive sugerindo ações para minimizar os riscos, mas até agora nada foi feito e “vamos, infelizmente, continuar nos deparando com números como esses”.
Depois que Inácio afirmou que Jó “é uma das mais talentosas mulheres públicas de Alagoas”, mas criticou Rodrigo Cunha, a parlamentar defendeu as ações do senador como geradoras de grandes frutos para alagoanos e alagoanas, desde o Procon, passando pela Casa de Tavares Bastos e no Senado, tendo sido ele sempre o mais votado em suas disputas eleitorais.
A deputada também reforçou a postura de independência e as bandeiras que sempre pautaram sua atuação parlamentar. Atuação essa que a credencia a ser a primeira mulher candidata a vice-governadora “na chapa encabeçada por um político que tem o reconhecimento dos alagoanos”, e pontuou que ela sempre defendeu, por exemplo, a utilização correta dos recursos do Fecoep: “Minha atuação não é na busca pelo poder, mas em atender ao alagoano e a alagoana, principalmente os que estão na ponta, órfãos das políticas públicas que não chegam a essas pessoas”.
Inácio acrescentou que, se “Rodrigo Cunha ouvir Jó fará um grande governo, caso eleito": "Vossa excelência como parlamentar é o que foi Elis Regina para MPB”.
Licença-prêmio
Durante a sessão, Jó Pereira e Davi Maia foram os únicos a votarem contra o Projeto de Lei - aprovado hoje em segunda votação - 792/2022, oriundo do Poder Judiciário, que institui a Licença-Prêmio remunerada e retroativa a juízes e desembargadores.
Jó registrou seu voto contrário, lembrando que já existe posicionamentos no STF dizendo que o rol de benefícios para a magistratura é aquele previsto na Lei de Organização da Magistratura, não estando a licença-prêmio neste rol. “Além disso, temos no Judiciário cerca de 20 dias de recesso por ano, férias de 60 dias e agora, com esse projeto de lei, aprovaremos mais 60 dias de férias, de três em três anos, inclusive com a possibilidade de ‘venda’, com efeitos retroativos desde a posse de cada membro do Judiciário”.
Violência no estádio
Ao final da sessão, Jó Pereira lamentou publicamente a violência da qual Rodrigo Cunha foi vítima no domingo (14), Dia dos Pais, quando assistia o jogo do ASA com os dois filhos menores, no Estádio Coaracy da Mata Fonseca, em Arapiraca.
“No momento em que a própria CBF e times locais vêm promovendo a participação de todos nos estádios, nos vemos em um cenário de torcida única, onde a motivação do episódio de violência foi política. Em um estado nacionalmente conhecido, infelizmente, por sua violência política, a motivação não foi briga de torcida, porque todos torciam pelo gigante ASA de Arapiraca. A violência foi politicamente motivada, na presença de crianças, e não só dos filhos do senador”, desabafou.
Jó cobrou que a resposta do governo do Estado precisa ser imediata, para que a Seprev funcione realmente promovendo a cultura da paz, com uma titularidade exercida de forma técnica, por quem tenha condições de promover essa cultura não violenta.