Política
Por ordem de ministro do STF, PF faz ação contra empresários bolsonaristas que defenderam golpe
Buscas estão sendo feitas em endereços de oito empresários em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará
A Polícia Federal cumpre na manhã de hoje (23) mandados de busca e apreensão contra empresários bolsonaristas que, em um grupo de WhatsApp, defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro de 2022. As mensagens foram reveladas pelo colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles.
Segundo apuração do UOL, as medidas contra os empresários foram pedidas pela PF. A operação foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e envolve 35 policiais federais. As buscas estão sendo feitas em endereços de oito empresários em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
Entre os alvos estão:
- Luciano Hang, da Havan;
- José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan;
- Ivan Wrobel, da Construtora W3;
- José Koury, do Barra World Shopping;
- Luiz André Tissot, do Grupo Serra Meyer Nigri, da Tecnisa;
- Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu.
Além dos mandados de busca e apreensão, Moraes também determinou a quebra dos sigilos bancários e telemáticos dos alvos, além do bloqueio de contas em redes sociais.
Em relação a Hang, o ministro Moraes autorizou buscas na residência, casa de veraneio e escritório dele. A assessoria de imprensa do empresário disse que ele estava trabalhando em sua empresa quando a Polícia Federal chegou às 6h. O celular de Hang foi recolhido.
Na semana passada, quando a reportagem foi publicada, juristas pediram que Moraes, que também preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), investigasse o grupo. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também acionou o STF contra os empresários.
A assessoria de imprensa dos oito empresários citados foram procuradas e, até o momento, essas foram as respostas:
Luciano Hang, da Havan: "Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. Desde que me tornei ativista político prego a democracia e a liberdade de pensamento e expressão, para que tenhamos um país mais justo e livre para todos os brasileiros.
Eu faço parte de um grupo de 250 empresários, de diversas correntes políticas, e cada um tem o seu ponto de vista. Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião. m minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu NUNCA, em momento algum falei sobre Golpe ou sobre STF. Eu fui vítima da irresponsabilidade de um jornalismo raso, leviano e militante, que infelizmente está em parte das redações pelo Brasil."
Luiz André Tissot, do Grupo Serra: A defesa do empresário informou que "a empresa e o presidente da companhia não irão se manifestar sobre o tema".
Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu: "Estou absolutamente tranquilo, pois minha única manifestação sobre o assunto foi um "emoji" sinalizando a leitura da mensagem, sem estar endossando ou concordando com seu teor. Confio na justiça e vamos provar que sempre fui totalmente favorável à democracia. Nunca defendi, verbalizei, pensei ou escrevi a favor de qualquer movimento anti-democrático ou de "golpe". Assim, sou a favor da liberdade, democracia e de um processo eleitoral justo."
Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii: "O Morongo foi contatado hoje pela Polícia Federal, ainda desconhece o inteiro teor do inquérito, mas se colocou e segue à disposição de todas autoridades para esclarecimentos."
Ivan Wrobel, da Construtora W3: O empresário endossou nota enviada à época da divulgação da matéria. "O cenário não mudou, o Sr Ivan tem um histórico de vida completamente ligado à liberdade. Em 1968 foi convidado a se retirar do IME por ser contrário ao AI5. Nada na vida dele pode fazer crer que o posicionamento daquele momento tenha mudado. Colaboraremos com o que for preciso para demonstrar que as acusações contra ele não condizem com a realidade dos fatos."
*Com informações do UOL