Política
Terceira colocada no primeiro turno, Simone Tebet declara apoio ao ex-presidente Lula
Seu compromisso é com a democracia e Constituição, o que desconheço no atual presidente", afirmou.
Terceira colocada no primeiro turno, a senadora Simone Tebet (MDB) declarou hoje(05) apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a executiva nacional do MDB anunciar mais cedo que adotará posição de neutralidade na disputa entre o petista e o presidente Jair Bolsonaro (PL), na segunda etapa das eleições.
"Apesar das críticas que fiz, depositarei nele o meu voto. Seu compromisso é com a democracia e Constituição, o que desconheço no atual presidente", afirmou. A parlamentar disse que não "cabe omissão" neste momento e que, "Até o dia 30 de outubro" estará nas ruas em campanha pelo petista. "Meu grito será pela defesa da democracia e por justiça social", afirmou.
Ontem, em um pronunciamento no qual não citou o nome de Lula, Ciro Gomes (PDT) anunciou que seguirá a decisão de seu partido de apoiar o ex-presidente. O ex-governador do Ceará foi o quarto colocado no primeiro turno das eleições, com 3,04% dos votos, atrás de Simone Tebet (4,16%), Bolsonaro (43,20%) e Lula (48,43%).
"Critiquei os dois candidatos que disputarão o segundo turno e continuo a reiterar as minhas críticas. Mas, pelo meu amor ao Brasil, à democracia e à Constituição, pela coragem que nunca me abandonou, peço desculpas aos amigos e companheiros que imploraram pela neutralidade neste segundo turno, preocupados que estão com a eventual perda de algum capital político, para dizer que o que está em jogo é muito maior que cada um de nós", afirmou Tebet.
Segundo a senadora, seu voto está de acordo com sua "consciência e razão". Tebet fez um pronunciamento de pouco menos de dez minutos e saiu sem dar entrevista para imprensa.
A religião, principal pauta neste início de segundo turno, também foi tema do discurso de Tebet em São Paulo: "Neste ponto, um desabafo: de que vale irmos às nossas igrejas, proclamar a nossa fé, se não somos capazes de pregar o evangelho e respeitar o nosso próximo nos nossos lares, no nosso trabalho, nas ruas de nossa pátria?".
Há um Brasil a ser, imediatamente, reconstruído. Há um povo a ser, novamente, reunido. Reunido na diversidade, antes e sempre, a nossa maior riqueza, agora esmigalhada por todos os tipos de discriminaçãoSimone Tebet, senadora e terceira colocada nas eleições
Em entrevista à GloboNews logo após seu pronunciamento, Tebet disse que estará "nos palanques regionais" e reforçou que seu "apoio não é por adesão, mas por projeto de país e de sonho". Além disso, a senadora negou ter negociado algum cargo em um possível governo petista.
Discurso solo. Segundo assessoria de Lula, o petista não esteve ao lado da senadora porque já tinha compromisso marcado com apoio de governadores e senadores para o mesmo horário e Tebet quis fazer um pronunciamento próprio.
Durante a manhã, a parlamentar se reuniu com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa encabeçada por Lula e, depois desse encontro, almoçou com o ex-presidente na casa da ex-prefeita Marta Suplicy, na capital paulista.
O almoço de Tebet com Lula foi organizado por intermédio de Janja, esposa do petista. Ela ligou para senadora na segunda-feira (3), um dia depois do primeiro turno, e passou o telefone ao ex-presidente para que os dois conversassem.
Tebet acompanhou a apuração das urnas em São Paulo e, após a contabilização dos votos, não retornou a Brasília nem viajou para Mato Grosso do Sul, seu estado natal.
Desafios no cardápio. Segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o almoço para firmar a parceria foi "ótimo", com troca de "desafios da campanha".
"Ela apresentou ao presidente um rol de projetos que ela gostaria de ser incorporado ao nosso programa, na defesa que ele faz de políticas públicas", disse Gleisi. "Falou-se também sobre a defesa da democracia."
De acordo com a petista, as propostas eram focadas em educação, saúde e relacionados a "questão da mulher". "Não só na participação de espaços públicos como na questão de direitos", completou.
"Respeito ao voto popular". Por meio de nota divulgada na manhã de hoje, MDB disse que irá cobrar do vencedor "o respeito ao voto popular, ao processo eleitoral como um todo e, sobretudo, a defesa intransigente da Constituição de 1988 e do Estado Democrático de Direito".
Ainda na pré-campanha, onze diretórios do partido selaram acordo com Lula para apoiar ainda no primeiro turno.
Nas últimas 48 horas, dirigentes, congressistas, governadores e prefeitos externaram sua posição em relação à disputa nacional em segundo turno. Por ampla maioria, o MDB decidiu dar liberdade para que cada um se manifeste conforme sua consciência"Trecho de nota divulgada pela executiva nacional do MDB
No comunicado, a legenda também elogiou Tebet por ter defendido "brilhantemente" um projeto "independente e equilibrado, fora da polarização" e afirmou que não há dúvidas de que ela se consolidou "como uma liderança nacional".
Na noite de domingo (3), após o término da apuração das urnas, Tebet disse que já estava decidida em quem iria apoiar para presidente e cobrou o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e suas coligações uma decisão rápida sobre o nome que iriam se aliar no segundo turno.
"Não esperem de mim, que tenho uma trajetória de vida de luta nesse país, omissão. Tomem logo a decisão porque a minha está tomada. Eu tenho um lado e vou me pronunciar no momento certo", afirmou a senadora.
Com informações do UOL.