Política
Analistas dizem que operação da PF contra Dantas tem cunho eleitoreiro
Kennedy Alencar e Leonardo Sakamoto criticaram timing da operação da PF e discutem uso da máquina pública em prol do grupo de Lira e Bolsonaro
Para o comentarista político e colunista do UOL Kennedy Alencar, a operação da Polícia Federal que afastou o governador Paulo Dantas (MDB) do cargo nesta terça-feira (11) teve um cunho eleitoral, com possível interferência no cenário nacional.
"A gente está a menos de 3 semanas do 2º tuno. Está claro para mim o cunho eleitoral e político dessa acusação. Isso tem que ser investigado e ver o mérito das acusações. Mas a gente está a 3 semanas do 2º turno. Essa operação tem um 'timing' politico e foi feito a pedido da Polícia Federal", destacou Kennedy no O Radar das Eleições.
Dantas é suspeito de desvio de dinheiro público na época em que era deputado estadual. Ele é apoiado por Lula (PT) em Alagoas, enquanto o adversário dele, Rodrigo Cunha (União), recebe apoio de Jair Bolsonaro (PL).
Por isso Kennedy afirmou que a operação pode interferir no cenário nacional. "Parece abuso. Parece mais uma vez interferência do Bolsonaro em uma manipulação da Polícia Federal, que deixa de ser uma polícia de governo e vira polícia de facção, de partido político", suspeitou o colunista. Kennedy também classificou como "escandaloso" o uso que Bolsonaro tem feito de instrumentos do governo para buscar a reeleição.
Para o analista político e colunista do UOL Leonardo Sakamoto, a operação desta terça é uma amostra de como o Bolsonarismo usa a máquina pública para atacar adversários. Segundo ele, Dantas, Aliado de Lula foi afastado da função pelas mesas acusações que pesam contra Bolsonaro (PL) e Arthur Lira.
Ele discute em sua coluna, o timing político da operação da PF, há duas semanas das eleições e com uma agenda confirmada com Lula e Paulo Dantas no estado de Alagoas marcada para próxima quinta-feira (13).
"A polícia sob comando de Jair Bolsonaro, que teve muito tempo para realizar uma operação contra Dantas por algo que ele supostamente teria feito quando parlamentar, escolheu esta terça (11), veja só que coincidência, dois dias antes de um ato de campanha de Lula com o governador na capital Maceió", publicou Sakamoto.
"As suspeitas contra Paulo Dantas são parecidas com aquelas que recaem contra o presidente da República e sua família, ou seja, de usar funcionários fantasmas de seus gabinetes para desviar dinheiro público que deveria ser usado para o pagamento de salários. Isso permitiu, no caso de Jair Bolsonaro, a compra de imóveis com dinheiro vivo, segundo investigação do UOL", completou o colunista.