Política
Dos 9 federais eleitos em AL, só um entra na cota de prefeito; nos Estaduais a conta é outra
Entre os 27 deputados estaduais eleitos em 2 de outubro este ano, ao menos 13 tem parentes próximos nas prefeituras
Em Alagoas as eleições proporcionais têm uma divisão clara. Por regra, deputado estadual tem votação mais municipalizada, enquanto o federal ganha viés mais amplo.
A tradição é que prefeitos elejam estaduais e sejam ajudados por federais. Isso não quer dizer que os deputados sejam eleitos apenas pelos prefeitos aliados, que normalmente tem um grau de parentesco próximo (irmão, filho, primo, tio, pai, etc).
Entre os 27 deputados estaduais eleitos em 2 de outubro este ano, ao menos 13 tem parentes próximos nas prefeituras: Alexandre Ayres, André Silva, Bruno Toledo, Carla Dantas, Cibele Moura, Dr. Wanderley, Fátima Canuto, Fernando Pereira, Flávia Cavalcante, Gabi Gonçalves, Gilvan Barros, Inácio Loiola e Remi Calheiros.
A prefeitura serve como base, mas para vencer é sempre necessário buscar votos em outros municípios, o que provocou disputas entre Beltrão x Beltrão, Pereiras x Silva e Moura x Cavalcante, por exemplo
Cada um tem sua história, com votações mais espalhadas e voto de opinião, o que parece ser o caso de Ayres e Wanderley, enquanto outros tiveram votação mais concentrada, caso de André Silva, por exemplo. Outros já foram prefeitos ou ajudaram a eleger parentes para prefeituras, caso de Fernando Pereira, Inácio Loiola e Remi Calheiros.
A relação dos deputados estaduais com prefeitos é sempre mais variada e complexa, diferente dos federais. Nesse cargo, a regra é simples: o candidato a federal aposta numa aliança com um grupo mais amplo de prefeitos ou vai em busca do voto de “estrutura” com cabos eleitorais ou voto de opinião.
Na estratificação dos 9 federais eleitos em Alagoas este ano, essa divisão está clara. Arthur Lira, Isnaldo Bulhões, Luciano Amaral e Marx Beltrão trabalharam forte no apoio de prefeitos, deputados estaduais e de base, enquanto Alfredo Gaspar de Mendonça, Fábio Costa, Rafael Brito e Paulão priorizaram votos soltos ou de opinião.
A exceção fica com Daniel Barbosa. Filho do prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, o deputado federal eleito pelo PP teve 63.385 votos (3,83% dos válidos) em todo o Estado. Desse total foram 33.672 votos na cidade administrada por seu pai (29,92% dos válidos).
Só a votação de Arapiraca representou mais da metade dos votos que o deputado eleito recebeu em todo Estado.
Na prática, a eleição de Daniel foi garantida principalmente pela votação da região agreste, com votos que Luciano Barbosa conquistou no corpo a corpo ou em negociações políticas com outros grupos – o que proporcionou mais de 4 mil votos ao deputado eleito em Maceió, por exemplo.
Ao fim e ao cabo, Luciano Barbosa conseguiu eleger o filho, reafirmou sua liderança em Arapiraca e pavimentou o caminho para a reeleição, tudo como ele queria e planejou. Mas essa é outra história.