Política
Após repercussão de vídeo, Bolsonaro pede desculpas por acusar menores venezuelanas de prostituição
O assunto viralizou nas redes sociais no final de semana após Bolsonaro afirmar, em entrevista a um podcast, que "pintou um clima"
Durante a última semana, um comentário realizado pelo atual chefe do executivo, Jair Bolsonaro (PL), e a divulgação feita pela socióloga Janja Silva, mulher do ex-presidente e candidato ao Planalto Lula (PT), de uma segunda entrevista em que o presidente diz que as meninas venezuelanas que encontrou em Brasília estavam se arrumando "para fazer programa", Bolsonaro divulgou um vídeo em que pede desculpas se suas palavras foram "mal entendidas". Na primeira entrevista, o presidente disse que "pintou um clima" quando viu as garotas em um passeio de moto no entorno de Brasília.
"Se as minhas palavras, que por má fé foram tiradas de contexto, de alguma forma foram mal entendidas ou provocaram algum constrangimento às nossas irmãs venezuelanas, peço desculpas, já que meu compromisso sempre foi o de melhor acolher e atender a todos que fogem de ditaduras pelo mundo", disse Bolsonaro.
Entretanto, o presidente acusou "militantes de esquerda" de pressionarem mulheres venezuelanas em busca de vantagem política. Por outro lado, integrantes do seu governo, a senadora eleita Damares Alves e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, se encontraram nesta segunda-feira com o grupo de meninas citadas pelo presidente.
Polêmica
O assunto ganhou espaço na íntegra após Bolsonaro afirmar, em entrevista a um podcast, que "pintou um clima" quando passou pelas jovens e também insinuar que as jovens estavam se arrumando para se prostituir. O grupo, entretanto, estava participando de uma ação social. Nesta terça-feira, Janja Silva publicou um novo vídeo, em que Bolsonaro repetiu a mesma história e foi direto ao afirmar que acreditava que as meninas eram exploradas sexualmente.
"Todas muito bem arrumadas, tinham tomado banho, estavam fazendo o cabelo. Venezuelanas. Estavam se arrumando para que? Alguém tem ideia, quer que eu fale? Para fazer programa. Vocês acham que elas queriam fazer isso? Qual era a fonte de sobrevivência delas? Essa!", disse Bolsonaro ao podcast "Collab", feito por evangélicos, em 12 de setembro.
Após a polêmica, alguns fizeram acusações de pedofilia ao presidente, enquanto outros questionaram por que Bolsonaro tirou a conclusão de que as meninas, menores de idade, se prostituíam, sem denunciar o episódio. Ainda no final de semana, o ministro Alexandre de Moraes decidiu que a campanha de Lula não poderia utilizar o vídeo, indicando que a acusação de pedofilia era uma ilação falsa.
Nesta segunda-feira, a senadora eleita Damares Alves e a primeira-dama Michelle Bolsonaro se encontraram com as meninas citadas e constataram que elas não se prostituíam, como o presidente imaginou e divulgou nas entrevistas que concedeu. No vídeo divulgado nesta terça, Bolsonaro disse que suas palavras refletiram sua preocupação para evitar qualquer tipo de exploração.
"As palavras que eu disse refletiram uma preocupação da minha parte no sentido de evitar qualquer tipo de exploração de mulheres que estavam vulneráveis. A dúvida e a preocupação levantadas foram quase que imediatamente esclarecidas à época pela nossa ministra da Mulher, Damares Alves, e constatou que as mulheres citadas na live eram trabalhadoras", disse Bolsonaro ao lado da primeira-dama e de uma representante de Juan Guaidó no Brasil.
Ao republicar a entrevista em que Bolsonaro disse que as meninas estavam se prostituindo, Janja questionou por que o presidente não denunciou a situação à época.
"Inacreditável que o “Presidente” já tenha exposto essas meninas venezuelanas, anteriormente em outra entrevista. A minha indignação só aumenta. O “cidadão de bem” deveria ter denunciado se houvesse qualquer indício de exploração de menores. É essa proteção das famílias que ele prega? ", questionou.
*Com informações do Extra