Política
De como FF vai virar senador na vaga que “seria” de Vilela
Empresário bem-sucedido do setor sucroenergético, com forte liderança no setor produtivo alagoano, Fernando Farias sempre foi um aliado de primeira hora do senador Renan Calheiros
Quando o ex-governador Renan Filho (MDB) resolveu deixar o governo para disputar o Senado, sua eleição era dada como certa.
Somente este fato tornava a escolha das duas vagas de suplente de senador muito atrativa. Nos bastidores, vários nomes eram especulados.
A aposta mais forte nos dias que antecederam as eleições era de uma composição do MDB com o PSDB. Seria uma manobra política capaz de garantir a reeleição do governador Paulo Dantas (MDB) já no primeiro turno.
Além de tempo extra de TV, a coligação entre os dois partidos enfraqueceria a chapa de Rodrigo Cunha (União Brasil), que conseguiu – ao fim e ao cabo – manter a deputada estadual Jó Pereira (PSDB) como sua candidata a vice.
“O ex-governador Téo Vilela conversou com o senador Renan Calheiros várias vezes. Se tivesse conseguido levar a frente a aliança, seu sobrinho Pedro Vilela, presidente do PSDB em Alagoas, seria o primeiro suplente da chapa. E o partido ainda teria espaços no governo do Estado”, revela um interlocutor da Federação PSDB/Cidadania, que participou das negociações.
“O Pedro havia sido avisado que não haveria retaliações da executiva nacional se essa aliança fosse feita, mas ele preferiu fechar com Arthur Lira”, emenda o interlocutor.
No paralelo, foram abertas conversas com o PSB. O partido, que na época era presidido em Alagoas pelo prefeito de Maceió, JHC, poderia indicar o suplente. As negociações não avançaram o suficiente para uma aliança.
Empresário bem-sucedido do setor sucroenergético, com forte liderança no setor produtivo alagoano, Fernando Farias sempre foi um aliado de primeira hora do senador Renan Calheiros, apesar de sua atuação discreta na vida pública. É também bem relacionado com várias outras famílias de políticos alagoanos, incluindo os Caldas e os Vilelas.
FF, como é chamado pelos amigos, participou nos bastidores de várias conversas, tentando ajudar na montagem da chapa do MDB, o que incluía o Senado.
Farias foi escolhido suplente de Renan Filho às vésperas da convenção. Sua indicação foi definida na última hora, depois que os entendimentos foram abertos com o PSDB de Pedro Vilela e outros partidos não evoluíram.
A escolha foi mais do que natural pela relação de FF com os Renans. E mais. Seu nome era o melhor para o momento, especialmente porque ajudaria a trazer “equilíbrio”, atenuando resistências em setores da política e da sociedade alagoana que defendiam a reeleição de Jair Bolsonaro.
Agora, com a indicação de Renan Filho para o Ministério dos Transportes, FF vai assumir a vaga no Senado desde o primeiro dia do mandato. Até quando? Essa é outra história.