Política
Renan cobra solução para tragédia causada pela Braskem
Em pronunciamento da tribuna, senador exige reparação de danos antes que empresa amplie composição acionária
Em pronunciamento veemente na tribuna do Senado, acompanhado com atenção pelo plenário e vivamente apoiado pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o senador Renan Calheiros (MDB-AL) expôs mais uma vez ao país a tragédia provocada pela indústria química Braskem na região metropolitana de Maceió, que deixou dezenas de milhares de famílias sem as residências onde moravam. Renan voltou a cobrar da empresa a justa reparação pelo afundamento de vários bairros na cidade, causado pela extração do sal-gema, em 2018.
“A Braskem deixou em Alagoas um rastro de destruição, dores, perdas irreparáveis e um cenário de cidade-fantasma”, afirmou o senador alagoano, solidarizando-se com as famílias atingidas.
Renan acrescentou um dado recente e importante: as especulações sobre uma possível ampliação da participação da Petrobras na composição acionária da Braskem.
Renan lembrou no discurso que o acordo inicial, em 2019 entre a empresa, o Ministério Público e as autoridades no sentido de atenuar os danos. “A abrangência desse acordo de 2019 é insatisfatória e muito aquém dos prejuízos causados”, afirmou Renan.
“Os danos materiais jamais alcançarão os malefícios de saúde, afetivos, mobilidade e psicológicos em vários bairros, notadamente no Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e Farol”, disse o senador. “Perto de 200 mil alagoanos foram severamente prejudicados em 15 bairros por uma atividade inconsequente e danosa ao meio ambiente”.
“Passar pelas ruas que afundaram por causa da mineração de sal-gema em Maceió traz a mórbida impressão de estarmos em um cenário de caos, de um pós-guerra e abandono. São16 mil casas destruídas, ruas fantasmas e muros inscritos com frases de dor, revolta, saudade e lembranças amargas. O desastre criou cidades fantasmagóricas e forçou dezenas de milhares de pessoas a abandonarem os bairros e seus lares”.
Segundo o senador, há um desequilíbrio evidente entre as indenizações iniciais e os ressarcimentos posteriores, gerando insatisfações e assimetrias de toda ordem, entre quem recebeu além e muitos que receberam aquém ou não receberam.
Renan citou também as perdas do Estado e do município de Maceió. “O Estado teve perdas superlativas com hospitais, escolas, creches, estações de tratamento de água e de terras sob o domínio estadual. A perda estimada com ICMS é de R$ 3 bilhões. A queda da atividade econômica no Estado, perto de 11%, provocou uma redução de 2% no índice de emprego. Estes são apenas alguns números já mensurados diante de muitos outros ainda difíceis de contabilizar”, disse o senador.
Segundo Renan Calheiros, a preliminar de qualquer negociação envolvendo a Braskem – venda ou ampliação do capital da Petrobras – passa pela a solução do passivo dos escombros deixados pela empresa. “A Petrobras, acionista, também tem responsabilidade. Só para se ter uma ideia desse desastre brasileiro, a tragédia de Brumadinho atingiu 2,4 mil pessoas. O desastre geológico de Maceió impactou 200 mil pessoas. Os efeitos econômicos e sociais transcendem as áreas mais atingidas. Eles afetaram todo o estado de Alagoas”.
“Antes que se imponha uma nova realidade acionária da Braskem, é preciso que essa empresa, sua nova controladora e mesmo a Petrobras assinem um contrato social com Alagoas e os alagoanos para honrar compromissos, além das indenizações já em andamento por demandas judiciais ou não. Se o solo cedeu pela irresponsabilidade, nós não cederemos”, concluiu Renan.