Política
Contragolpe: Arthur Lira atrai partidos conservadores e governistas e garante vantagem na Câmara
Presidente da Câmara formou novo e maior bloco de deputados da Câmara, em resposta a movimento do MDB, liderado pelo deputado alagoano Isnaldo Bulhões
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), conseguiu atrair partidos de centro, de direita e da base do governo Lula (PT) para formar um bloco com 173 deputados, tornando-se a maior potência da Casa.
A formação do bloco vem após o colega alagoano Isnaldo Bulhões, líder do MDB na Câmara, ter conseguido formar um grupo com 142 deputados do Republicanos, PSD, Podemos e PSC.
O bloco de Lira, por sua vez, é formado por PP, União Brasil, PSDB/Cidadania, Solidariedade, Patriota e Avante, além das legendas de esquerda PDT e PSB.
A criação do bloco foi definida em reunião na manhã desta quarta-feira (12), segundo informações da Folha de SP. ‘A “jogada" é uma reação do presidente da Casa ao movimento emedebista, que no final de março anunciou um bloco que dividiu o Centrão, agregando Republicanos, MDB, PSD, Podemos e PSC (com 142 parlamentares).
O novo bloco terá 173 integrantes, resultado da soma de cada bancada partidária, segundo dados divulgados no site da Câmara. A criação deverá ser anunciada em entrevista com líderes dos partidos ainda nesta quarta-feira (12).
O panorama dessa movimentação envolve a disputa de poder dentro do Congresso, a força que cada agrupamento terá na relação com o governo federal e a própria sucessão do presidente da Câmara, que ocorrerá em fevereiro de 2025.
No começo do ano, lideranças da União Brasil e do PP tentaram organizar uma federação dos dois partidos, mas as articulações fracassaram.
O PT, do presidente Lula, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, não participarão dos blocos. O governo Lula trabalha atualmente alinhado a Lira e tenta montar uma base de apoio estável, por isso tem buscado não interferir na disputa interna na Câmara com o receio de inflamar desafetos em um dos lados.
Segundo relatos à imprensa, é estratégico para o governo ter partidos da base, como PSB e PDT, próximos de siglas que se consideram independentes. Um dirigente afirma que o Planalto precisará desses partidos para ter governabilidade e que é preciso fazer essa aproximação.
Membros do governo afirmam que estão acompanhando com atenção esses movimentos, mas dizem que não enxergam nele, ao menos no momento, a possibilidade de alterar o quadro da base que o Executivo tenta implantar na Casa.
Além de simbólico, o ato de reunir o maior contingente de cadeiras, a junção dos partidos em blocos dá aos maiores grupos um poder de mando na composição das comissões mistas (entre Câmara e Senado) que devem ser retomadas para a análise das medidas provisórias, na Comissão de Orçamento e nas votações ordinárias do plenário.
A sucessão de Lira também está em xeque, embora muita coisa possa mudar até fevereiro de 2025, quando está marcada a próxima eleição para o comando da Câmara (Lira não pode disputar a reeleição)."
*Com informações da Folha de SP