Política
Artistas alagoanos produzem manifesto pela Cultura, provocam ALE e cobram reabertura do Cenarte
Representantes do setor estiveram na Assembleia Legislativa para cobrar informações sobre equipamentos fechados pela Secretaria de Cultura e apresentar propostas de melhorias para a pasta
Artistas e grupos culturais alagoanos estão em mobilização. Foi apresentado à Secretaria de Estado da Cultura, em março, o “Manifesto por uma Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa para um novo tempo”. O documento será endereçado também à Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Turismo da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE-AL) pede uma gestão da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) voltada ao diálogo e à construção de mecanismos que assegurem uma ampla participação social.
Entre outros pontos, eles pedem atenção à implantação das Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2, que destinará recursos às demandas vindas dos agentes socio-culturais de Alagoas e, por isso, reforçam a necessidade de uma Secult bem estruturada. O documento, assinado por 10 entidades representativas da cultura e outros 7 movimentos e organizações do setor [veja lista ao final da matéria], elenca, em 16 pontos, ações que poderão ser tomadas para contribuir para a atuação da pasta e desenvolvimento do setor em Alagoas.
De acordo com Naeliton Santos, ator, produtor cultural e membro do movimento teatral de Alagoas, o grupo vai protocolar o documento na Assembleia Legislativa de Alagoas, após ser feita uma última revisão nos itens apontados.
Mas as reivindicações dos artistas alagoanos não param por aí. Um grupo de representantes da classe esteve na ALE-AL na última semana para reunir-se com membros da Comissão de Fiscalização, formada pelos deputados Marcos Barbosa (Avante), Sílvio Camelo (PV), Bruno Toledo (MDB), Dudu Ronalsa (MDB), Remi Calheiros (MDB), Gabi Gonçalves (PP) e Ronaldo Medeiros (PT).
O objetivo era cobrar a reabertura do Centro de Belas Artes de Alagoas (Cenarte) e do Teatro Lima Filho, localizado no mesmo prédio, na Rua Pedro Monteiro, no Centro da capital e que está fechado desde 2020, quando começou a pandemia e paralisaram-se as atividades presenciais, incluindo a de servidores efetivos. O único deputado a recebê-los foi Ronaldo Medeiros.
Naeliton contou que o local, palco e casa de inúmeros artistas, obras e expressões da arte alagoana, estava abandonado desde que a construtora contratada para realizar uma reforma durante o período pandêmico deixou a obra. Desde então, o Cenarte acumulou lixo, mato e sua entrada foi abrigo para pessoas em situação de rua. [Veja abaixo]
“Esse local já teve rádio novela, com a rádio difusora na década de 40, foi palco de programas de auditório, Dercy Gonçalves e Odete Pacheco já se apresentaram onde é o Cenarte, já foi uma escola infantil. Eu mesmo entrei em 1994, no primeiro Festival Estudantil de Teatro. Infelizmente está abandonado há muitos anos, então o que queremos é que o Cenarte cumpra sua função social”, afirmou o ator.
Ele relatou que o Cenarte, desde seu fechamento e início da reforma, não tinha tapumes e nem a placa com informação das obras e que a proteção ao terreno foi colocada somente um dia antes de uma reportagem da TV Gazeta de Alagoas que denunciaria prédios públicos abandonados no Centro de Maceió.
O deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT-AL), membro da Comissão de Fiscalização da ALE-AL e apontado como um dos parlamentares mais abertos a mediar o diálogo entre classe artística e poder público, afirmou, ao Jornal de Alagoas, que checou a situação junto ao governo do Estado e foi informado de que a empresa que havia vencido a licitação para a reforma não cumpriu o contrato, mas que diante de processo licitatório as obras serão reiniciadas. “Em breve, tudo será retomado”, garantiu Medeiros.
Mesmo com o prédio-sede desativado, o Cenarte não parou suas atividades e durante este período, as aulas oferecidas estão sendo ministradas no Museu da Imagem e do Som de Alagoas (Misa) e no Complexo Cultural Teatro Deodoro.
Em nota, a Secult informou que o Centro está em reforma e que a obra iniciada em 2022 precisou ser paralisada em virtude do encerramento do contrato vigente e imediatamente foi realizada uma convenção com uma nova empresa e retorno da obra para o próximo dia 30 de maio.A estimativa da Secult é que a reforma do Cenarte seja entregue à população ao final do ano de 2023, com as atividades presenciais na escola retornando no início de 2024.
Ainda de acordo com a nota, a Secult reforça “o compromisso com a cultura e a comunidade alagoana, que utilizam nossos equipamentos culturais, com a realização de manutenção e prestação de serviços de qualidade”.
Os movimentos culturais em Alagoas estão em um momento de esperança com relação às políticas para o setor desde a chegada do governo Lula (PT), que recriou o Ministério da Cultura (Minc), a diminuição das limitações envolvendo a Pandemia de Covid-19 e desde a saída de Bolsonaro, que transformou o Minc em secretaria e atacou sistematicamente artistas e expressões culturais.
“A Comunidade Cultural apresenta à Secretária Mellina Freitas e ao Governador Paulo Dantas o interesse em contribuir para uma nova gestão da SECULT, democrática, renovada e aliada às políticas que o novo Ministério da Cultura irá promover em nosso país", diz trecho do documento.
Assinam o Manifesto os seguintes fóruns/movimentos/articulações: Fórum Setorial do Audiovisual de Alagoas - FSAL , Rede de Contadores de Histórias de Alagoas, Fórum Afro de Maceió, Fórum de Teatro de Maceió - FTM . Fórum da Literatura em Alagoas – FLAL, Fórum da Música de Alagoas, Fórum das Artes Visuais de Alagoas, Fórum Articulado Permanente do Patrimônio Cultural Alagoano - FARPPA, Associação Cultural Joana Gajuru, Ação sócio cultural Guaxuma – ASCULGUA, Associação Alagoas Presente, Associação cultural arte Brasil capoeira, Movimento dos Povos Das Lagoas, Apan Alagoas, Grupo de Pesquisa Periferias, Afetos e Economia das Simbolizações (ICS/UFAL).