Política

Após 13 anos, Lula tenta concluir maior obra que ele começou em AL

Lançamento da duplicação da BR 101 foi realizado enquanto Lula estava há seis meses de terminar seu segundo governo

Por Blog do Edivaldo Júnior 10/06/2023 07h07 - Atualizado em 10/06/2023 11h11
Após 13 anos, Lula tenta concluir maior obra que ele começou em AL
Lula e Renan Filho - Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Maior investimento em obras rodoviárias do governo federal em território alagoano, a duplicação da BR-101 está de “parabéns”. A ordem de serviço foi assinada pelo presidente Lula há exatos 13 anos, no dia 09 de junho de 2010.

Desde então, foram três presidentes (Dilma, Temer e Bolsonaro), vários ministros – incluindo dois alagoanos (Maurício Quintella, no governo Temer e o atual, Renan Filho).

Quando Lula foi a São Miguel dos Campos para lançar a duplicação da BR 101 ele estava a seis meses de terminar seu segundo governo, o governador de Alagoas era Téo Vilela e Renan Filho era candidato a deputado federal.

Agora no Ministério dos Transportes, depois de 8 anos no governo de Alagoas, o senador Renan Filho promete acelerar a obra – o que não foi feito segundo ele nos governos anteriores.

“Nossa expectativa é resolver os problemas pendentes nos trechos que faltam para deixar a BR-101 100% finalizada em Alagoas. O presidente Lula me pediu que nós finalizássemos a BR-101 em todo o Nordeste, que foi uma obra que ele começou lá atrás e que andou muito lentamente nos últimos anos, devido aos baixos investimentos de gestões anteriores”, afirmou o ministro dos Transportes.

Coincidência ou não, a declaração de Renan Filho foi dada durante a inauguração de um pequeno trecho de duplicação da rodovia liberado e São Miguel dos Campos – o mesmo local onde o presidente Lula autorizou o começo da maior obra do seu governo em Alagoas, há 13 anos.

Lula e Téo Vilela em 2010, na solenidade de assinatura da ordem de serviço da duplicação da BR 101. Foto: Reprodução


Apesar da celeridade prometida, a duplicação da BR 101 não será concluída antes do final de 2024, de acordo com estimativas do Ministério dos Transportes.

Filho conseguiu, é verdade, importantes avanços, o mais significativo foi um acordo com indígenas. A rodovia federal atravessa terras indígenas nos municípios alagoanos de Joaquim Gomes, São Sebastião e Porto Real do Colégio. Para que as obras possam continuar, foi preciso assinar um acordo com os indígenas – um ato ‘simples’, mas que levou mais de 13 anos para ser feito.

O trecho que ainda faltava concluir da duplicação em Alagoas, segundo informações do antigo Ministério da Infraestrutura há um ano, era de 28 km, provavelmente os mais complexos de serem realizados do ponto de vista social (indígenas) e econômico (obras mais caras de engenharia).

“No total, a duplicação da BR-101/AL envolve 249 quilômetros, que estão divididos em seis lotes. Já foram entregues 221 quilômetros duplicados, beneficiando toda a população de Alagoas. O valor do investimento do Governo Federal no empreendimento chega a R$ 1,8 bilhão”, diz texto do Minfra, de maio de 2022.

Durante a inauguração do novo trecho duplicado em São Miguel dos Campos esta semana, Renan Filho anunciou que os recursos que serão investidos em rodovias federais este ano em Alagoas chegam a R$ 423 milhões, quase metade somente para a BR 101, provavelmente a obra rodoviária mais demorada da historia recente em Alagoas. Tão longa que deu tempo de Lula sair e voltar, de Renan Filho que á época era “apenas” ex-prefeito de Murici, virar ministro.

Trecho duplicado da rodovia BR 101 em São Miguel dos Campos. Foto: Ministério dos Transportes



E o que “travou” a obra todo esse tempo, além da falta de prioridade orçamentária, foi um problema já conhecido, tã́o conhecido que Lula no discurso que fez durante a assinatura da ordem de serviço (veja abaixo) alertou para possíveis dificuldades com os indígenas.

“Nós ainda temos muita dificuldade, por exemplo: na BR-101, nós temos um problema aqui com a comunidade indígena, que quando chegar lá vai ter problema. Então, eu estou falando aqui, na frente do Ministro do Transporte, para não ficar esperando chegar lá para resolver. Tem que chamar a Funai e resolver logo”, disse Lula em 2010.

O problema foi resolvido pelo ministro dos Transportes. Não pelo da época (Paulo Sérgio Passos), mas pelo atual (Renan Filho).

Agora os dois, presidente e ministro, tem pela frente o desafio de fazer o que outros não fizeram – e sem a desculpa dos indígenas. Faltam só 20 KM. Será que dá tempo dos dois concluírem ou vão passar a bola pra frente?