Política
“Apelidado” de Veredas, Hospital do Açúcar merece respeito dos políticos e da política
Os trabalhadores do hospital foram as ruas nessa sexta-feira (16/6) para protestar contra os três meses de salários atrasados
A Fundação Hospital da Agroindústria do Açúcar e do Álcool ganhou uma “apelido”, um nome mais comercial, mas continua enfrentando velhos e antigos problemas. O maior deles, num estado pobre como o nosso, é o baixo valor pago pelo SUS por atendimentos e procedimentos de saúde.
É aí que começa todo o imbróglio que ameaça não só o funcionamento do “Veredas”, mas também de outros hospitais filantrópicos. Para melhorar a remuneração de seus serviços e continuar abertas, instituições deste tipo contam com “incentivos”, complementação de pagamento, dados pelo Estado. É isso que está sendo cobrado da Secretaria de Saúde de Alagoas.
Os trabalhadores do hospital foram as ruas nessa sexta-feira (16/6) para protestar contra os três meses de salários atrasados. Nada de novo. Em abril de 2022, eles fizeram greve por atraso também de três meses. Em janeiro deste ano, os salários foram atualizados e também estavam três meses atrasados.
O que tem de novo, agora, não é a crise que afeta além do Hospital do Açúcar outras instituições. Em meio ao drama que atinge centenas de trabalhadores de uma instituição que salvou incontáveis vidas, que acolheu e tratou milhares e milhares de alagoanos, ao longo de décadas e décadas, o hospital se vê envolvido em mais uma briga entre os poderosos grupos do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do governador Paulo Dantas.
O Estado deve R$ 18 milhões na versão de um dos diretores ligados a Lira. Esse dinheiro seria o suficiente para pagar os trabalhadores.
No contra-ataque, uma assessora do governo diz que o Estado pagou R$ 66 milhões e só reconhece, até agora (faltando validar o restante) R$ 6,5 milhões de débitos.
O fato é que no último dia o o tom de acusações subiu nos veículos de comunicação e nas redes sociais.
Um erro dos dois lados. Além das divergências entre os dois grupos, tem o trabalho de profissionais respeitáveis – médicos, enfermeiros, auxiliares, maqueiros, acadêmicos e e várias outras categorias de profissionais. Trabalho de gente que dá um duro danado e precisa ser reconhecido, respeitado.
Ao governador Paulo Dantas, que tem sido sempre habilidoso na resolução de crises como a do reajuste dos servidores, cabe o papel de dar uma solução técnica e eficiente para o problema. Aos diretores do hospital, recomenda-se que deixem de lado as questões políticas e eleitorais, parem de expor publicamente a ferida e busquem um diálogo técnico.
A politização não vai resolver a crise. Longe disso. O que pode ocorrer é seu agravamento.
O Hospital do Açúcar, Veredas que seja, merece respeito.