Política
Cotas, aborto, armas e drogas: pesquisa aponta opiniões 'explosivas' dos brasileiros; confira
Para o levantamento 1400 pessoas de todo o Brasil foram entrevistadas no mês de junho
Segundo uma pesquisa feita pela Hibou - empresa de pesquisa e insights de mercado, comportamento e consumo - que realizou o estudo "Assuntos Polêmicos - 2023", a população brasileira possui opiniões bem controversas e explosivas. Temas como aborto, armas, drogas e até mesmo a entrada de figuras midiáticas na política foram abordados no levantamento.
Para a pesquisa 1400 pessoas de todo o Brasil foram entrevistadas no mês de junho. “Desde posições radicais sobre a política com visões controversas sobre a economia e comportamentos divergentes sobre relacionamentos, os brasileiros querem agitar as estruturas sociais”, observa Lígia Mello, coordenadora da pesquisa e sócia da Hibou.
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Os resultados da pesquisa revelam um verdadeiro turbilhão de opiniões explosivas. Sejam políticos cassados ou subcelebridades buscando cargos públicos, os brasileiros estão em estado de ebulição, com 90% apoiando a inelegibilidade de políticos cassados e uma impressionante maioria de 69% rejeitando a entrada de figuras midiáticas na política. ”Parece que o Brasil não está disposto a dar espaço para quem não possui experiência real ou competência comprovada”, explica Lígia.
O cenário não para por aí. Em um país onde a corrupção é considerada uma ferida aberta, a pesquisa aponta que 72% dos brasileiros apoiam a isenção de salários para políticos, demonstrando assim uma insatisfação generalizada com a classe política.
E quando se trata de temas delicados como a demarcação de terras indígenas e a violência na TV, o país se divide em opiniões polarizadas: 57% dos brasileiros apoiando a demarcação de terras indígenas e 82% discordando veementemente da violência televisiva.
Um tema quente dentro da política tem agitado as rodas de debate: a reeleição e o retorno do voto impresso. As opiniões estão acirradas: enquanto 48% dos brasileiros apoiam a possibilidade de reeleição, 39% se posicionam fortemente contra. Já quando o assunto é o voto por cédulas de papel, banido no Brasil desde os anos 2000, a controvérsia também é intensa, com 48% da população descredibilizando sua eficácia, enquanto, surpreendentes 41% defendem sua volta.
”O que chama nossa atenção é que uma esmagadora maioria de 66% acredita que a obrigatoriedade do voto é prejudicial para a democracia do país, enquanto 26% estão a favor da manutenção dessa obrigação. Esses dados revelam um cenário polarizado, em que as opiniões se chocam e as disputas se acirram.” explica Lígia Mello.
Juros, Impostos e acordos Internacionais
A conjuntura econômica atual do Brasil tem apresentado uma série de oscilações, o que tem gerado incertezas entre os especialistas e a população. As recentes medidas e índices anunciados pelo Governo têm despertado atenção e análise minuciosa.
Duas medidas em particular têm recebido ampla aceitação por parte dos brasileiros: o pacote de redução do preço dos automóveis, que pode chegar a até 10,96%, e o corte nas taxas de juros. Ambos são bem vistos por 86% da população. Além disso, a redução de impostos sobre produtos nacionais também se destaca, contando com o apoio de 93% dos entrevistados.
Outra medida que tem conquistado certo respaldo é o incentivo fiscal oferecido pelo governo para atrair empresas estrangeiras. 64% dos brasileiros veem essa estratégia com bons olhos , enxergando-a como uma oportunidade de fortalecer a economia nacional e gerar mais empregos.
No entanto, algumas questões ainda dividem opiniões. A reforma tributária, por exemplo, é vista positivamente por 70% dos entrevistados, mas há um grupo significativo que expressa descontentamento em relação ao tema. Já a privatização, tem uma aprovação menor, com 40% a favor e 33% contra, indicando uma divisão de opiniões.
Enquanto isso, os acordos comerciais internacionais têm sido objeto de discussão e análise em diferentes setores. Entre as negociações em pauta, destaca-se o interesse manifestado por 60% da população em estabelecer acordos com a Europa. Além disso, acordos comerciais com os Estados Unidos também despertam interesse em 59% dos brasileiros, seguido pela América Latina (49%), China (42%) e Rússia (24%).
Saúde pós-pandemia: apoio à vacinação e persistência no uso de máscaras
Após um período de intensa exposição à Covid-19, a preocupação com a saúde da população mantém-se em destaque. A esmagadora maioria dos brasileiros, representando 92%, expressa apoio às campanhas de vacinação, destacando a importância de se imunizar contra o vírus. Em contrapartida, apenas 3% mostram-se contrários às iniciativas de imunização.
No que diz respeito ao uso de máscaras como medida de proteção em 2023, os dados indicam que a maioria continua a favor, contabilizando 72%, enquanto 18% permanecem contrários. “É interessante notar que, mesmo neste momento, o número de apoiadores do uso de máscaras continua alto. O brasileiro não vê o uso na rotina, mas entende que pode usar quando necessário.” diz Ligia Mello.
Aborto, doença em estágio terminal e suicídio assistido dividem opiniões no Brasil
Em meio a controvérsias e tabus, a decisão individual da mulher sobre o aborto continua sendo reprovada por 58% dos brasileiros, enquanto 25% apoiam essa medida. No entanto, quando as circunstâncias envolvem estupro ou doença grave, a opinião pública se torna mais branda, com 66% da população favorável à interrupção da gestação e 14% em desacordo.
Porém, a polêmica não para por aí. Sobre a responsabilidade de decidir sobre a vida de terceiros, como no caso de uma ordem de não ressuscitação durante uma parada cardíaca, os ânimos se exaltam: para 51%, essa atitude é vista como uma conduta negativa, enquanto apenas 30% conseguem enxergar algo positivo nessa abordagem.
E o suicídio assistido? Essa é uma prática que não encontra aprovação pela maioria de 54% dos brasileiros. Esse ato, que envolve uma decisão individual de tirar a própria vida, com o apoio de terceiros e acompanhamento médico, encontra uma mínima aceitação de apenas 19% na sociedade.
“Em um país onde os dilemas éticos e morais são constantemente debatidos, esses temas sensíveis continuam a dividir a opinião pública, gerando discussões acaloradas e alimentando a polarização em nossa sociedade. Fica claro que, mesmo em tempos modernos, a busca por um consenso ainda está longe de ser alcançada” , completa Lígia.
Liberação de substâncias ilícitas
O debate sobre a liberação de drogas tem sido palco de controvérsias acaloradas. 79% dos brasileiros são veementemente contrários a essa iniciativa, enquanto apenas 10% se manifestaram a favor. No que diz respeito à legalização da maconha, as opiniões também se mostram divididas: 25% dos entrevistados apoiam a medida, enquanto 61% se opõem firmemente a tal decisão.
Movimento Feminista, Serviço Militar e games violentos
Enquanto o movimento feminista continua a desempenhar um papel fundamental na busca por direitos fundamentais, como igualdade e respeito entre os gêneros, a opinião pública está dividida: 39% da população aprova o movimento, enquanto 37% o reprovam. Ao mesmo tempo, a significativa presença feminina em diversos aspectos da sociedade tem levado a um consenso quase unânime sobre a necessidade de equidade salarial entre homens e mulheres: 97% dos brasileiros apoiam essa medida, enquanto apenas 1% se posiciona contra.
Outra questão controversa que desperta discussões acaloradas é o serviço militar obrigatório. 53% dos brasileiros se posiciona contra essa obrigatoriedade, enquanto 34% a apoiam.
Por outro lado, o acesso de crianças a jogos violentos é um tema que encontra quase unanimidade no repúdio, com 93% da população se manifestando contrariamente. Além disso, experimentos em animais também são amplamente desaprovados pela sociedade brasileira: 98% da população expressa seu posicionamento contrário a essa prática.
Família, adoção e relacionamentos: uma reflexão sobre a realidade brasileira
O cenário das famílias e relacionamentos tem passado por profundas transformações, ganhando cada vez mais espaço e destaque na sociedade. Enquanto em outros países a poligamia já é um comportamento aceito, no Brasil a sua legalização é reprovada por 73% da população, enquanto apenas 11% são favoráveis. Paralelamente, a licença paternidade vem ganhando força e conquistando um apoio positivo de 87% dos brasileiros, que reconhecem sua importância para as famílias.
Em meio a essas mudanças, é interessante notar como a adoção é percebida de maneira diferenciada. Enquanto 87% da população apoia a adoção por parte de uma pessoa solteira, apenas 64% concordam que casais do mesmo sexo possam adotar crianças.
“Olhando para a evolução das opiniões sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo, observamos uma oscilação nos últimos anos. Em 2022, 77% da população aprovava os casamentos homoafetivos, porém, em 2023, houve uma queda significativa, e agora 64% apoiam essa forma de união. Algo semelhante ocorreu com a percepção sobre a barriga de aluguel, que registrou uma diminuição de 13% no apoio, chegando a 52% este ano”, explica Lígia.
Cotas, educação religiosa, sexual e financeira
As políticas de cotas e as abordagens educacionais estão recebendo um amplo apoio da população. 76% dos entrevistados consideram positivas as cotas destinadas a pessoas de baixa renda nas universidades. Por outro lado, a cota para pessoas pretas possui menor adesão, com 46% da população a favor e 39% contra.
No âmbito educacional, a inclusão de aulas sobre preconceitos, como racismo e xenofobia, está sendo amplamente aprovada, contando com o apoio de 81% das pessoas entrevistadas. Além disso, temas como educação religiosa, sexual e financeira também apresentam índices positivos de aceitação, alcançando taxas de aprovação de 56%, 70% e 95%, respectivamente. Dentre eles, destaca-se a educação financeira como a menos reprovada, registrando apenas 2% de taxa de reprovação.
Religião
60% da população acredita que as igrejas devem pagar impostos, enquanto 22% concordam com a isenção fiscal para instituições religiosas.
Além disso, mais da metade da população (55%) apoia o princípio de um Estado laico, imparcial em relação a questões religiosas. Por outro lado, apenas 8% concordam com qualquer forma de interferência religiosa no Estado, enquanto 37% preferem não expressar sua opinião sobre o assunto.
*Asssessoria Hibou