Política
Acordo da Braskem pode não passar de engodo: “são apenas R$ 558 milhões”
No “caso Braskem” Santoro traz novas informações sobre o acordo numa extensa postagem no Twitter
Se R$ 1,7 bi já era considerado pouco por alguns especialistas, o “real” valor que será pago pela Braskem pela “reparação de danos” ao município de Maceió, pode ser considerado, de fato, uma “provocação”, diante dos fatos.
Na avaliação do secretário-executivo do Ministério dos Transportes e ex-secretário da Fazenda de Alagoas, George Santoro, o valor que a Braskem efetivamente vai pagar será de apenas R$ 558 milhões.
Se assim for, que foi anunciado na sexta-feira (21/7), de R$ 1,7 bi não passaria de um engodo, uma “maquiagem” do valor para justificar o “acordo”. George explica que mais de R$ 1 bi não seria dinheiro novo, mas recurso que já teria sido usado em ações pela empresa.
Santoro conhece como poucos a realidade econômica e financeira de Alagoas e acompanhou de forma privilegiada todas as negociações feitas pela Braskem com o Estado e o município depois do “incidente geológico” ou “crime ambiental” que provocou o afundamento de cinco bairros de Maceió.
Em resumo, Santoro é bem informado e sempre que emite opinião é porque “sabe do que está falando”.
No “caso Braskem” ele traz novas informações sobre o acordo numa extensa postagem no Twitter.
“Essa semana foi divulgado na imprensa acordo entre a Prefeitura de Maceió e a Braskem no valor de R$ 1,7 bilhões. Sem dúvida é motivo para comemoração para a #Braskem e seus acionistas! Jamais para os Alagoanos!”, aponta.
Santoro ‘traduz’ o acordo. Segue o fio:
Vou tentar explicar um pouco o que está no processo judicial e me perdoem se cometi algum erro, pois são milhares de páginas.
O “Caso Braskem”, como estudiosos o chamam, é um dos maiores incidentes do mundo, entretanto como não tem apelo cinematográfico não chama tanta atenção.
O fato relevante é apenas a concretização de um acordo celebrado em maio de 2022 no valor de máximo de custo para aquela empresa de R$ 1,580 bilhões que atualizado pelo IPCA chega ao valor divulgado essa semana pela empresa em fato relevante, pois agora é definitivo.
Nele há uma indenização máxima para Maceió a título de reparação urbanística de R$ 360 milhões celebrado já em 2022 e agora, em maio de 2023, um valor de R$ 198 milhões para reparação social.
Assim, temos R$ 558 milhões, menor que os 700 milhões já provisionados pela Braskem.
A própria empresa em fato relevante divulgou para acalmar seus acionistas. A diferença para o R$ 1,7 bilhões está dentro dos custos assumidos, por ela ao longo de todo desastre, para recuperação ambiental da área e outros custos. Lembro que a empresa passou a ser dona de toda área.
Tudo em andamento há mais de 3 anos. Ou seja, não tem desembolso novo para empresa. Reparem que esse acordo é muito inferior proporcionalmente ao de Brumadinho e o de Mariana. É claro que cada incidente tem suas características, entretanto sugiro uma reflexão das pessoas.
#Maceió teve parte de sua área urbana segregada, mais de 40 mil pessoas perderam seus lares, com grande impacto na mobilidade e economia de toda região metropolitana. Mais de 1,3 milhões de pessoas afetadas direta ou indiretamente. Muitos perderam seus negócios e o preço dos imóveis explodiu pelo déficit habitacional.
As soluções de mobilidade apresentadas no acordo, segundo especialistas, não irá resolver, sequer aliviar a situação. Nesse período Maceió apresentou crescimento recorde de suicídios.
Será mesmo que R$ 558 milhões serão suficientes?
O que acham?
Seria interessante que pesquisadores, e a imprensa especializada estudem o “O Caso Braskem”.