Política
"Vou buscar no canabidiol uma melhor qualidade de vida", diz deputado em sessão na ALE
Declaração foi feita durante sessão especial que aconteceu na Assembleia Legislativa de Alagoas na tarde desta sexta-feira (4)
A Assembleia Legislativa de Alagoas realizou, nesta sexta-feira (4), uma sessão especial para debater o tema “Canabis medicinal e saúde pública no Estado de Alagoas”. A sessão teve início às 14h, no plenário da Casa, e foi proposta pelo deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT) com o objetivo de desmitificar o uso do canabidiol no tratamento de doenças e sua utilização pelo sistema de saúde pública.
Medeiros, que é coautor, junto do ex-deputado estadual Lobão, da Lei 8.754/2022, que “dispõe sobre o acesso universal ao tratamento de saúde com produtos de cannabis e seus derivados; o fomento à pesquisa sobre o uso medicinal e industrial da cannabis”, esclareceu que a discussão não é sobre o uso da maconha, mas sim da substância canabidiol , uma propriedade encontrada na planta.
“A primeira coisa que precisamos tirar desse debate é que não se trata do uso da maconha enquanto entorpecente, mas do uso da substância canabidiol extraído dessa planta. Sem isso, não podemos fazer uma discussão séria sobre um tema tão importante que é a saúde das pessoas”, explicou.
Em seu discurso, o deputado alagoano ressaltou ainda o orgulho que sente da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) por ser uma das poucas do Brasil a discutir o tema, que é de extrema importância para a saúde pública.
Diante das apresentações, Medeiros aproveitou para falar sobre como, há cerca de 30 anos, começou a fazer terapia em busca de uma melhor qualidade de vida. Ele relembrou como na época o acompanhamento psicológico era bastante discriminado, mas o trouxe bem-estar, fazendo referência ao uso da substância medicinal, que ainda é mal visto.
"Eu tenho um probleminha de saúde, vou buscar no canabidiol uma melhor qualidade de vida, além de ser o percursor da lei irei também fazer o uso do medicamento", frisou.
Representando a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a professora e doutora Adriana Reis Torado, que também é fundadora e presidente do Instituto de Ciências Cannabinóides (ICCA), em sua apresentação pontuou a importância da luta por esse direito, ressaltando ainda que é portadora de fibromialgia, uma condição que causa dor crônica e generalizada no corpo, e faz o uso do óleo de cannabis.
"Estou aqui representando a universidade, e quem vier dizer que não existe artigo científico, não existe evidência, nós estamos dentro da universidade pra provar que isso é mentira. Temos artigos com comprovação científica para dor crônica, mal de Parkinson, esclerose múltipla... além de outras patologias, como ansiedade, depressão e insônia", afirmou.
A doutora aproveitou o momento para destacar a luta do médico Hemerson Casado, também fundador do Instituto Hemerson Casado e do também do ICCA, portador de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e que também faz uso do óleo da cannabis para aliviar e retardar os efeitos degenerativos da doença.
Ainda defendendo a pesquisa e a ciência, a discussão contou com a presença do diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), Fábio Guedes Gomes, que incentivou o debate e acredita que essa seja uma das formas de conscientizar a população: "Preconceito a gente combate com conhecimento e conscientização. A conscientização é a transparência nas informações, discussão pública e o amplo debate. O importante é que a gente demonstre os efeitos positivos da cannabis para a solução de problemas reais".
Também estiveram presentes na sessão especial representantes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), do Conselho Regional de Farmácia de Alagoas (CRF/AL) e do Instituto Regenera, além do ex-deputado estadual Lobão.
*Estagiária sob supervisão