O surto de meningite que ocorre em Alagoas, concentrado em Maceió, agora foi reconhecido pelo Ministério da Saúde e está também provocando discórdia política.

Segundo boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), até 12 de setembro, foram registrados 29 casos de meningite meningocócica, sendo 23 casos na capital, e 11 mortes pela doença no estado.

Nas redes sociais (veja aqui) a prefeitura da capital lançou a campanha “Maceió contra a Meningite, quem vacina protege). A campanha é boa, mas aparentemente a doença em questão é outra. Isso porque existem vários tipos de meningite. A vacina que o município oferece é do tipo A, já o surto é do tipo B.

A reação criticando a campanha por “confundir” as pessoas partiu de vários internautas e também de vários políticos.

O deputado federal Rafael Brito (MDB-AL) foi as redes sociais para criticar a prefeitura e alertou que a vacinação é importante sempre, mas lembrou que o município não oferece vacinas para o tipo B. Para ele, é uma “malvadeza” enganar as pessoas.

“Em Maceió, estamos vivendo um surto de meningite tipo B, é importante que todos SE VACINEM, mas fiquem atentos a @prefeiturademaceio está divulgando campanha de vacinação contra o surto, porém NÃO oferecem a vacina Tipo B!! É mais uma mentira, uma malvadeza. Qd se trata de vidas, não é justo enganar, vacina SALVA vidas e TODAS são importantes! Se informem e se vacinem”.

De fato, o problema é que o surto em Maceió é da meningite do tipo B e a vacina só se encontra disponível em clínicas particulares, custando entre R$ 600 e R$ 700 por dose. Para piorar a situação, não existem vacinas disponíveis nas clínicas particulares de Maceió no momento. Quem vacinar seus filhos vai precisar entrar em fila de espera.

Também nas redes sociais, o deputado estadual Alexandre Ayres (MDB) fez um apelo para que o Ministério da Saúde disponibilize as vacinas pelo Sus. O parlamentar (veja aqui) explica que 95% das crianças dependem do SUS – ou seja, seus pais não podem pagar pela cobertura vacinal, que pode custar de R$ 1,2 mil a R$ 1,4 mil, porque normalmente são necessárias duas doses.

A campanha

No perfil da prefeitura no Instagram, o município avisa: “Prefs tá na luta contra a meningite. A doença é séria e tem vacina pra evitar o contágio. Estamos fazendo nossa parte nessa batalha, mas também precisamos da sua ajuda. Procure o posto mais próximo e complete o calendário vacinal de crianças e adolescentes. Quem vacina, protege. Faça também esse ato de amor”.

Reações

Vários internautas criticaram a campanha. Veja algumas reações:

“Prefeitura contra meningite? Libera a tipo B então para as nossas crianças! Quero ver se estão contra a meningite mesmo!”, diz uma internauta, que assina como Thaylana.

“Façam a cobertura vacinal da meningite tipo B!!!!! Nem todo mundo tem condições de pagar 1300 reais em vacina”, disse outra internauta, que assina como Adne.

“QUEREMOS A VACINA DA MENINGITE B!!!!!!!!!!!!!!”, reagiu Emelly.

“Enganando quem não entende né? Queremos a B! O surto é meningite tipo B!!!”, reagiu Rayane

“Tão achando que somos idiotas, queremos a vacina meningocócica B, essa já está no calendário vacinal, a que está solando é a que o SUS não force, não são todas as pessoas que tem 700 reais pra desembolsar não, pra shows tem verba pra saúde nao?”, reagiu Erika

“Essa campanha de vocês está sendo voltada para a vacina de meningite que já está no calendário de todas as crianças e adolescentes, ótimo que se faça isso para que quem ainda não tomou possa vir a tomar. Mas a grande questão é que estamos vivendo um SURTO ONDE A MAIORIA DOS CASOS SAO DA MENINGITE B, E ESSA SO É FORNECIDA PELA REDE PRIVADA! E MINHA PERGUNTA É: COMO FICAM AS CRIANCAS ONDE AS FAMILIAS NAO PODEM PAGAR R$1.400,00 EM DUAS DOSES, JA QUE A MESMA TEM QUE TOMAR O REFORCO COM 60 DIAS”, reagiu uma pessoa que assina como Sandra.

Entenda o caso

Em reportagem, o G1 AL explica que uma reunião realizada nesta sexta-feira (15/9) entre representantes das secretarias Municipal e Estadual da Saúde e do Ministério da Saúde resultou no reconhecimento do surto de meningite meningocócica em Maceió. A informação foi confirmada ao g1 pelo infectologista e coordenador do Gabinete de Combate às Doenças Infecciosas do Estado, Renee Oliveira.

Esse tipo de meningite pode ser causada por várias bactérias e afeta pessoas de qualquer idade. Nos últimos meses, Alagoas tem registrado um número alto de casos de meningite, e a maioria deles está concentrado na capital.

Leia aqui na íntegra: Surto de meningite meningocócica é reconhecido em Maceió após reunião com Ministério da Saúde.