Política

Prefeitura “esquece” vítimas e dinheiro da Braskem vai para projeto que JHC decidiu em duas semanas

O hospital será adquirido sem licitação ou qualquer processo de discussão com a sociedade

Por Blog do Edivaldo Júnior 01/10/2023 11h11 - Atualizado em 01/10/2023 11h11
Prefeitura “esquece” vítimas e dinheiro da Braskem vai para projeto que JHC decidiu em duas semanas
Prefeito JHC com representantes do Hospital do Coração - Foto: Foto: Itawi Albuquerque/ Secom Maceió

O prefeito de Maceió levou dois anos e meio de negociação com a Braskem para fechar um acordo de R$ 1,7 bilhão com a companhia. O objeto principal seria a reparação dos danos provocados pela mineração de sal-gema ao município e, principalmente, às vítimas. Seria…

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O acordo com a Braskem foi fechado em 21 de julho deste ano. No dia 27 de julho, por decreto, o prefeito João Henrique Caldas, JHC (PL) anunciou a criação do Fundo de Amparo ao Morador (FAM) que deveria destinar recursos para atender às vítimas da mineração.

Apesar de criado em 27 de julho, a prefeitura não informou até o momento quanto vai destinar ao FAM, embora tenha informado – na sua criação (veja abaixo) que “o colegiado passará a efetivar as medidas necessárias e urgentes com o mesmo propósito de proteger as vítimas do afundamento do solo”.

Nessa sexta-feira (30/9) o prefeito “surpreendeu” ao anunciar uma negociação que vem sendo questionada pelo volume. JHC anunciou a compra do Hospital do Coração, uma instituição privada, por um valor considerado acima do mercado.

O hospital será adquirido sem licitação ou qualquer processo de discussão com a sociedade. E de acordo com informações oficiais, as negociações foram lideradas pessoalmente pelo prefeito JHC que decidiu pelo negócio em apenas 15 dias.

Veja o que disse o diretor do Hospital do Coração, Ricardo César Cavalcante, segundo a Secom do município: “Ele (JHC) conseguiu transformar, em 15 dias de negociação, apenas, um hospital que servia à elite de Maceió e em um espaço para toda a população”.

As vítimas da mineração Braskem aparentemente não fazem parte do processo de “urgência” da prefeitura. Elas foram afetadas pelo “evento geológico” há cinco anos e tiveram que deixar suas casas às pressas. Apesar do longo tempo de espera e mesmo com a criação do FAM, ainda não se sabe quanto terão direito do valor pago pela empresa ao município – se é que terão direito a alguma coisa.

Até o momento, as informações sobre a destinação dos R$ 600 milhões já recebidos pela prefeitura da Braskem apontam para a compra de imóveis – além do hospital do coração, o prefeito teria negociado a compra de grandes áreas na Serraria e Santa Amélia – deixando de fora, por enquanto, as ações e, principalmente, a grana que deveria ser destinada para atender os antigos moradores da área atingida pela mineração.