Política
Governo de Alagoas contratou empresa israelense acusada de espionagem
Estados brasileiros firmaram acordos sigilosos com empresa israelense para espionagem de jornalistas e políticos
Durante os últimos cinco anos, nove estados brasileiros, incluindo Alagoas, firmaram acordos com uma empresa israelense que fornecia tecnologia à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Essa tecnologia foi utilizada para monitorar jornalistas, políticos e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o Estadão, esses acordos totalizaram mais de R$ 60 milhões em serviços, muitos dos quais foram realizados sem licitação, e abrangeram todas as regiões do Brasil.
Em Alagoas, por exemplo, um contrato no valor de R$ 2,4 milhões foi celebrado com a Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) em 2020 para adquirir recursos para o equipamento Maleta Tática GI2. O governo estadual afirmou que o contrato foi descontinuado em 2021.
Esses contratos envolveram a compra de equipamentos para identificação, rastreamento, monitoramento e interceptação telemática e telefônica, além do bloqueio de sinais de celulares. Um dos sistemas fornecidos pela empresa era o programa FirstMile, que permitia localizar um alvo ao inserir seu número de telefone no programa e acompanhar sua última posição em um mapa.
Funcionários da Abin utilizaram indevidamente o sistema de monitoramento para rastrear pessoas com base na localização de seus dispositivos móveis que utilizam redes 2G, 3G e 4G.
Além dos estados, o Exército e a Marinha também contrataram a empresa, com contratos celebrados em 2018 e 2019, muitos deles sem licitação. O Exército pagou US$ 10,7 milhões à Verint Systems LTD para ampliar sua plataforma de inteligência entre outubro de 2018 e março de 2022. Por sua vez, o comando da Marinha pagou US$ 200 mil por serviços relacionados à aquisição tecnológica do sistema Verint.
É importante mencionar que esses contratos são considerados sigilosos devido à natureza sensível das informações e às atividades de inteligência, mas as instituições envolvidas declaram que estão em conformidade com a Constituição Federal e as leis nacionais.