Política
A estranha reação dos “figurões” no caso do Dr. JHC
Gente poderosa atuou e está atuando neste episódio e não é em defesa da vítima
Quantos condenaram a agressão à vítima? Quem, na política ou na imprensa viu que Isadora chegou a Central de Flagrantes cercada de militares, delegado e assessores do prefeito de Maceió?
Na contramão de qualquer caso típico de violência contra a mulher, o suposto agressor recebeu tratamento atípico, com proteção de poderosos.
O rito em casos como esse, o procedimento, é simples: ao receber ligação, a PM é acionada, vai até o local da ocorrência, conduz vítima e agressor à delegacia. Normalmente, uma operação que leva de 15 a 30 minutos, cujo desfecho mais comum é a prisão do acusado.
No caso do Dr. JHC, a guarnição é impedida de subir ao local da ocorrência por um militar nomeado para a assessoria militar da prefeitura de Maceió. E, de acordo com relatos, usa a farda para impedir que seus colegas façam o trabalho “simples”.
Na sequência, a vítima é retirada do local por assessores da prefeitura de Maceió e só a levam para a Central de Flagrantes depois que são alertados que podem enfrentar processo por rapto.
Em casos como esse, outro rito comum é investigar se os servidores públicos agiram corretamente. Deixar a vítima com pessoas que agiam para acobertar a denúncia, para calar o grito de socorro, é de fato um procedimento ilegal.
Gente, na política e a na imprensa, que não deu uma só palavra em defesa da vítima parte para questionar se a punição de militares é correta ou não, se é ou não ato político.
Quantos destes perguntaram porque secretários do município, militares que trabalham diretamente com o prefeito JHC , irmão do acusado e outros assessores da prefeitura de Maceió estavam “conduzindo” a vítima até a delegacia?
Falam em “prisão” de militares, de “vazamento” de áudio, porque talvez não consigam esconder que compactuam com aqueles que tentam esconder os fatos, que agiram para mudar a versão da vítima, para evitar que o suposto agressor fosse filmado e até para impedir a publicação de notícias em sites e redes sociais.
Procuram algo para falar do caso, sem encarar o que precisa ser encarado: gente poderosa atuou e está atuando neste episódio e não é em defesa da vítima.
A dúvida é saber a quais interesses essas “versões” cuidadosamente construídas para tentar constranger aqueles que fazem a investigação – e até aos poucos que tiveram coragem de divulgar o fato – servem. Certamente não servem a sociedade.