Política
A incrível descoberta da prefeitura de Maceió: onda de calor provoca “homofobia”
Grupo Gay de Alagoas precisou ir à Justiça para assegurar que o desfile pelas ruas da cidade
Às vésperas da parada do Orgulho LGBT em Maceió, a cidade vive um imbróglio jurídico, político e, aparentemente, ideológico. O Grupo Gay de Alagoas precisou ir à Justiça para assegurar que o desfile pelas ruas da cidade. A batalha, no entanto, segue nas redes sociais e à espera do que será decidido pelo Tribunal de Justiça nas próximas horas.
Para entender o caso:
– A Parada LGBT+, organizada pelo GGAL está programada há meses.
– Até 12 de novembro, a Parada estava proibida de passar pela Ponta Verde, a situação foi revertida com a promessa (veja abaixo) feita pela primeira dama do município.
– Esta semana, no dia 22, a prefeitura de Maceió anunciou, faltando quatro dias para a Parada (veja abaixo) um show (Maceió com Respeito), no mesmo horário e dia, no que seria uma tentativa de esvaziar o evento do GGAL.
– Para complicar ainda mais, no dia 23, faltando apenas 3 dias para o evento, a prefeitura de Maceió vetou o percurso previamente acertado com o GGAL.
– O GGAL foi à Justiça e conseguiu liminar para garantir a concentração no Marcos dos Corais (antigo Alagoinhas). De forma inesperada, a prefeitura de Maceió recorreu. Até este sábado (25/11) a noite o percurso original da parada está mantido.
“Homofobia” provocada pelo “calor”
As reações são diversas nas redes sociais, com acusações de lado a lado O presidente do GGAL, o jornalista Nildo Correia, acusa o prefeito de Maceió de ser homofóbico. Veículos de comunicação ligados a prefeitura de Maceió espalham um contrato que Nildo teria feito com o governo do Estado, para apoiar o evento, acusando-o de ser pago para criticar a prefeitura.
O fato é que a prefeitura de Maceió, ao que parece, tenta a todo custo impedir que a parada LGBT+ passe pela “orla principal” da capital – a de Ponta Verde.
A tentativa do município de esvaziar o evento seria reforçada pela promoção, no mesmo dia e hora de um show voltado para o público LGBT (veja abaixo),
Agora, ao tentar mais uma vez para impedir que o movimento LGBT consiga fazer a parada do orgulho LGBT+ no percurso original, a prefeitura tenta derrubar a liminar.
Entre os argumentos para convencer a Justiça a reverter a decisão que garante a liberdade de expressão do movimento, tem um muito inusitado. A prefeitura culpa “a onda de calor” pela aparente homofobia. Se é que de fato a atitude do município é homofóbica ou se de fato o município tem boas intenções e há erro de interpretação.
No recurso apresentado à Justiça, o Procurador Geral do Município, João Lobo explica que existe um evento previamente programado (iniciado no último dia 22 de novembro – embora a Parada já tenha sido programada há meses). E explica que “em decorrência da pública e notória elevada onda de calor, foi necessário reajustar o horário do evento, para que as crianças e seus familiares possam aproveitar a programação de maneira segura. Por esse motivo, o referido evento acontecerá das 16:00h às 22:00h”.
Ou seja, se a Parada tiver de mudar o percurso neste domingo, já temos um culpado: a onda de calor. Difícil será para o GGAL acusar do sol de homofóbico.”
Veja trecho do recursos
“Em ato contínuo, a prefeitura de Maceió, através da Fundação Municipal de Ação Cultural – FMAC, vem realizando desde o último dia 22 de novembro de 2023 o evento denominado “Natal de Todos Nós”, nas imediações entre a Praça Gogó da Ema e a Rua Fechada, com um grande fluxo de pessoas. Neste domingo, dia 26 de novembro de 2023, haverá uma programação especial para as crianças e, em decorrência da pública e notória elevada onda de calor, foi necessário reajustar o horário do evento, para que as crianças e seus familiares possam aproveitar a programação de maneira segura. Por esse motivo, o referido evento acontecerá das 16:00h às 22:00h. A
Veja aqui o recurso na íntegra:doc_117931940
Veja aqui a programação da Parada LGBT em Maceió
Veja aqui o show da prefeitura de Maceió
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