Política

"Dados inconsistentes e relação público-privado complicada": vereadores fiscalizam Hospital do Coração

Representantes da Câmara estiveram na unidade de saúde comprada pela Prefeitura de Maceió acompanhados do assessor de transferência do Município

Por Raphael Medeiros 27/11/2023 15h03 - Atualizado em 27/11/2023 16h04
'Dados inconsistentes e relação público-privado complicada': vereadores fiscalizam Hospital do Coração
Veredor Joãzinho (esquerda), assessor de transferência da Prefeitura, Claydson Moura (centro), e Zé Márcio (direita) - Foto: Raphael Medeiros

Após receberem autorização e agendarem uma fiscalização no Hospital do Coração, comprado pela Prefeitura de Maceió, os vereadores Zé Márcio (MDB) e Joãozinho (PSD) estiveram, na tarde desta segunda-feira (27), nos prédios pertencentes à unidade de saúde.

Eles estiveram acompanhados de representantes do hospital e de Claydson Moura, assessor especial da transferência do Hospital da Cidade. De acordo com Zé Márcio, a fiscalização se dá porque há inconsistência nos números apresentados pela Prefeitura e, “por se tratar de uma desapropriação, há uma relação entre o público e o privado muito complicada”.

“Por isso nossa fiscalização é essencial, fomos eleitos para isso”, argumentou Zé Márcio. Dos cinco andares do prédio anexo ao hospital e que está em reforma, apenas dois efetivamente funcionam e os outros três ainda estão em obras e recebendo equipamentos. Os vereadores cobram transparência na realização dos serviços e na compra dos maquinários.

“Quando eles serão entregues? Quem está pagando por esses equipamento? eles foram pagos na hora da desapropriação ou são pagamentos extras e também se os leitos prometidos foram entregues”, elencou Márcio.

Segundo o vereador, há inconsistência nos números de leitos apresentados pela Prefeitura. O prefeito de Maceió JHC (PL), ao anunciar o hospital, afirmou que são 220 leitos, mas hoje, segundo o parlamentar, fala-se em 116 leitos e que ainda não estão prontos.

“São esses dados diferentes, conturbados que estamos cobrando. O prefeito prometeu 220 leitos por R$266 milhões de reais, então ele tem que entregar 220, e não os 87 que existem hoje”, pleiteou Zé Márcio.

Vereadores visitaram obras do Hospital do Coração, em Maceió. Foto: Raphael Medeiros

O vereador Joãozinho abordou a importâcia da ação de fiscalização. "É importante que a gente faça esse acompanhamento, porque a Prefeitura faltou com a transparência e não se pode fazer isso. Não se pode impedir um funcionário público, um vereador, um deputado que seja, de adentrar a um aparato público".

Os vereadores estiveram no Hospital do Coração no fim de outubro e foram impedidos de acessar as dependências do hospital. Eles chegaram a fazer um Boletim de Ocorrência, na Central de Flagrantes de Maceió e, após autorização do Ministério Público, ficou marcada a visita desta segunda-feira.

O que diz o Município?

Coordenando a visita, o assessor especial de transferência do Hospital do Coração para Hospital da Cidade, Claydson Moura, afirmou que o Hospital terá uma área de iodoterapia e cardiopetria. Ele apresentou ainda uma área que receberá outros 20 leitos, sendo 10 masculinos e outros 10 femininos. "Mais gente pra receber saúde pública. Isso no padrão que vocês estão vendo aqui, exatamente igual, tudo automatizado, com monitores para se ter uma assistência completa". 

Claydson disse que a área não estava contemplada, mas "graças a Deus é nossa". "O corpo técnico ficou responsável por essa ampliação e com mais 30 dias a gente tá com isso aqui pronto", garantiu. 

Segundo ele, dos 116 leitos em toda a unidade, 13 serão para emergências. Durante a visita, os presentes conheceram a área do centro de cirurgia cardíaca. 

Prédio anexo

Ainda de acordo com Claydson, o prédio anexo ao HCOR será entregue somente em março de 2024 e custou R$ 85 milhões, sem ter sido inclusas as obras, que estão sendo pagas pela prefeitura, com todo o acabamento ainda por fazer.