Política

AL: Braskem afirmou ao MPF que não havia riscos em minas, diz procuradora

Roberta Bonfim concedeu entrevista ao UOL, nesta segunda-feira (4)

Por Uol 05/12/2023 14h02 - Atualizado em 05/12/2023 18h06
AL: Braskem afirmou ao MPF que não havia riscos em minas, diz procuradora
Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL). - Foto: Sandro Lima / Arquivo

A Braskem avisou ao MPF (Ministério Público Federal) que não havia nenhum processo de afundamento em curso em uma de suas minas de Maceió, falou a procuradora da República, Roberta Bomfim, ao ser questionada pelo colunista do UOL Leonardo Sakamoto se a empresa só passou a monitorar as minas após contato do MPF, durante o UOL News desta segunda-feira (4).

"Nos primeiros contatos que tivemos com a empresa, eles afirmavam que não tinha nenhum processo de afundamento em curso, que os estudos topográficos não indicavam [isso]. Assim também os demais órgãos", Roberta Bomfim, procuradora da República (MPF-AL).

A procuradora reforça que não existia informação suficiente nem pela Braskem nem pelos órgãos públicos que acompanhavam a situação das 35 minas da empresa na capital alagoana. O cenário mudou após estudo feito depois de tremores em 2019.

"Somente com esses estudos que a CPRM (Serviço Geológico do Brasil) produziu, notadamente, um estudo chamado 'interferometria', que é a medição via satélite do solo. Foi [então] que se percebeu que havia esse processo de afundamento e na verdade era mais grave do que estava evidenciado", diz Roberta.

Ela embra que os tremores ocorreram em março de 2019 e que apenas uma região teve foco, quando o estudo com ajuda de satélite mostrou a dimensão real do problema que levou ao desastre de hoje com 1,8 metro de afundamento de solo em cinco dias.

"Quando os tremores aconteceram em março de 2019, houve uma região de quebramento em cima, no Pinheiro, e todo mundo passou a olhar somente para aquele lugar. Com esse estudo de interferometria, que a gente considera um grande divisor de águas em todo esse processo, foi o que foi possível compreender na sua integralidade o que estava acontecendo", afirmou a procuradora

"Existia um movimento muito maior e que aquele quebramento na região do Pinheiro era uma consequência desse afundamento que acontecia na região central do Mutange, que é hoje onde a gente está vivendo essa situação de alerta".