Política
Maceió tem maior alta no preço de imóveis do país, mas prefeitura fica fora do Minha Casa Minha Vida
As inscrições são feitas por entes públicos ou construtoras; A prefeitura de Maceió ficou de fora, o Estado não
O evento geológico ou crime ambiental da mineração de sal-gema da Braskem afundou cinco bairros de Maceió e, num movimento, de reação, levou às alturas os preços dos imóveis em toda a região metropolitana,
Em reportagem no UOL, o jornalista Carlos Madeiro, traduz o drama das pessoas que moravam nos mais de 18 mil imóveis nos bairros afetados pelo crime ambiental. A maioria teve que deixar suas casas, suas histórias e hoje vive na periferia.
“O aumento abrupto da procura elevou de forma significativa os preços de imóveis — o que fez com que moradores, que viviam nos bairros centrais da cidade, fossem levados a adquirir imóveis na periferia e até em outras cidades”, revela Madeiro.
Em meio a esse drama urbano, com a forte procura por moradias na cidade, a prefeitura de Maceió não conseguiu aprovar nenhum projeto de construção de habitações no Novo Minha Casa Minha Vida, lançado pelo presidente Lula no ano passado.
As inscrições são feitas por entes públicos ou construtoras. A prefeitura de Maceió ficou de fora, não o Estado não. A situação só não é pior porque o ex-prefeito Rui Palmeira, atual secretário de Infraestrutura de Alagoas, conseguiu inscrever alguns projetos pelo governo, assegurando a aprovação de quatro conjuntos residenciais na Faixa 1 do Novo Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
O estado de Alagoas teve 5.611 Unidades Habitacionais selecionadas para a Faixa 1 do MCMV, destas são 1.528 unidades em Maceió, sendo 896 inscritas pela Seinfra e as demais pela iniciativa privada. Em Alagoas, das 5,6 mil unidades, 3,5 mil foram inscritas pelo estado e restante por construtoras.
“Os números da primeira seleção do MCMV/ Governo de Alagoas são positivos. Conseguimos R$ 502 milhões de investimentos, o que vai gerar aproximadamente 3.500 empregos diretos. São 2,2 mil unidades na capital e região metropolitana e 1,3 mil no interior”, aponta.
Além de Maceió, os outros cinco municípios selecionados com mais unidades são Marechal Deodoro (950), Coruripe (400), Palmeira dos Índios (400), Penedo (400) e São Miguel dos Campos (400).
Os imóveis do MCMV na Faixa 1 são voltadas para famílias com renda mensal de até 2 salários mínimos (R$ 2.640 em valores atuais), as residências vão contemplar 15 municípios do estado.
Disparada
Enquanto a prefeitura de Maceió não consegue entregar quase 2,8 mil unidades habitacionais que tiveram as obras iniciadas na gestão de Rui Palmeira e já estão praticamente prontas, os preços dos imóveis disparam em Maceió.
De acordo com o Índice FipeZAP, o mais completo indicador do setor imobiliário do país, Maceió teve a maior alta no preço dos imóveis residenciais do país em 2023. O índice é calculado a partir dos anúncios na internet em 50 cidades.
Veja a evolução do índice FipeZAP em Maceió: 2023 – 16%; 2022 – 13,2%; 2021 – 18,5%; 2020 – 7,9%; 2019 – 0,5%.
A disparada nos preços dos imóveis em Maceió coincide com o “fenômeno” provocado pela Braskem.
Quase 2,8 mil apartamentos esperando um dono
De acordo com informações encontradas na página da prefeitura de Maceió, o município é responsável pela construção de quatro residenciais que somam cerca de 2,8 mil unidades.
No bairro da Santa Amélia, um complexo de três residenciais estava em fase de finalização de obras em abril de 2023. As obras aparentemente estão concluídas, mas a prefeitura ainda não anunciou a entrega dos conjuntos Pedro Teixeira Duarte I e II possuem 500 apartamentos cada, e o Diana Simon, tem 180 unidades, totalizando 1.180 famílias unidades.
No Parque da Lagoa, no vergel do Lago, a prefeitura promete entregar este ano a segunda fase da obra. No total são1.776 apartamentos. Destes, 160 foram entregues por JHC e Jair Bolsonaro em junho de 2022.
Depois disso, a prefeitura chegou a anunciar que faria a entrega de mais unidades no residencial. Em outubro de 2022 a prefeitura anunciou que 72% da obra estava pronta. Há um ano, em janeiro de 2023, a promessa era entregar 320 unidades, mas até o momento isso não aconteceu.
Na semana passada, o prefeito JHC parece ter mudado a estratégia e avisou que fará a “maior entrega” do Minha Casa Minha Vida este ano.