Política
Despejo de usinas falidas do pai de Thereza Collor ameaça 10 mil pessoas do MST, diz site
Milhares de pessoas ocupam parte das terras das usinas falidas que pertenciam ao ex-deputado João Lyra, cuja herança é alvo de disputa
Há uma década, pelo menos 3 mil famílias (cerca de 10 mil pessoas) do Movimento Sem Terra (MST) ocupam parte das terras das usinas falidas Laginha e Guaxuma, anteriormente pertencentes ao ex-deputado federal João Lyra, localizadas em Alagoas. As informações são do colunista do UOL Carlos Madeiro.
De acordo com a reportagem, trabalhadores que levaram calotes das empresas de Lyra montaram comunidades rurais no local. Entretanto, agora eles têm o risco de ser despejados, após decisões de desocupação que vêm sendo dadas pela Justiça.
Os representantes da herança de Lyra afirmam que há vários tipos de ocupações irregulares das terras que eram do grupo. Já o MST afirma que a maioria das famílias ocupantes tem ex-trabalhadores, que ficaram sem emprego e sem pagamento após o fechamento das usinas.
O movimento informou que chegou a um acordo: eles deixaram a usina Uruba, em Atalaia, permitindo que ela retomasse suas atividades. Em contrapartida, receberiam a promessa de destinação de 1,5 mil hectares de terra da usina Guaxuma e os 11 mil hectares da usina Laginha para a realização da reforma agrária das famílias assentadas. No entanto, essa última parte do acordo é contestada pela massa falida.
A ação é retratada como mais um capítulo da "guerra" travada entre os filhos de Lyra pela herança bilionária do pai, que morreu aos 90 anos em decorrência da covid-19, em agosto de 2021.
Lourdinha foi designada como inventariante do espólio do ex-deputado. Na mesma época, as empresas passaram por uma grave crise econômica, e logo após a morte dele, a empresária deu entrada no processo de falência de uma das empresas, a Laginha Agro Industrial S/A, um conjunto de usinas em Alagoas e Minas Gerais. Em 2017, estava avaliada em 1,9 bilhão (cerca de R$ 2,7 bilhões em valores atuais), e a ação chegou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como o maior processo desse gênero do País.
Entre os herdeiros da fortuna estão seis filhos. Destes, quatro deles afirmam ter perdido a confiança em Lurdinha, conforme aponta o colunista. “No bojo do processo judicial, em torno da massa falida, travou-se uma verdadeira guerra entre alguns dos herdeiros do ex-parlamentar e a senhora Maria de Lourdes”, diz um trecho da queixa-crime.
Desde que ingressaram no processo da Laginha, quatro irmãos já pediram à Justiça a retirada de Lourdinha da função de inventariante, entre abril de 2022 e agosto de 2023. Todos foram negados pela Justiça, e Lurdinha se mantém como inventariante.
Ela também afirmou que “são preocupantes as ligações profissionais e econômicas entre os assessores jurídicos e financeiros”. Em novembro, ela disse à revista IstoÉ que a gestão do inventário e de falência tem "parcerias suspeitas".
O Terra entrou em contato com o advogado de Lurdinha, Ronald Pinheiro, que afirmou que, no momento, a família irá se resguardar, e todos os pronunciamentos serão feitos no bojo dos autos.
A reportagem também tentou contato com Thereza Collor, mas não obteve retorno até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações.