Política
Abin foi usada para monitorar promotora do caso Marielle
A informação consta da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que embasou a operação contra o ex-chefe da Abin
A estrutura da Agência Brasileira de Informações (Abin) foi usada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para monitorar Simone Sibilio, ex-coordenadora da força-tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro que investigou as mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes.
Desde 2018 como responsável pelo caso, Sibilio deixou a investigação em 2021. Na época, a TV Globo apurou que ela e Leticia Emily, outra promotora do caso, deixaram a investigação por receio e insatisfação com "interferências externas".
A informação consta da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que embasou a operação contra o ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem, deflagrada nesta quinta-feira (25) pela PF.
Segundo a decisão, a Controladoria Geral da União (CGU) encontrou um resumo do currículo da promotora do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) que coordenava a força-tarefa que investigava as mortes de Marielle e Andreson.
Esse documento, segundo as investigações, estava formatado do mesmo jeito que outros relatórios apócrifos criados pela estrutura paralela de espionagem existente na Abin durante o governo Bolsonaro.
"(...) ficou patente a instrumentalização da ABIN, para monitoramento da Promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora MARIELLE FRANCO e o motorista que lhe acompanhava ANDERSON GOMES", escreveu Moraes.
A decisão de Moraes não esclarece qual seria o objetivo do monitoramento da promotora responsável pelo caso. De maneira geral, esquema de monitoramento ilegal montado na Abin buscava, entre outras coisas, criar relatórios apócrifos para criar narrativas falsas.