Política
Após 4 meses, JHC mantém "fake" sobre Albert Einstein e HC nas redes sociais
O município não assinou nenhum protocolo de intenções com o Einstein para a finalidade anunciada por JHC, que seria a prestação de serviços ao Hospital da Cidade
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Nas redes sociais do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), e da prefeitura de Maceió, além de textos produzidos pela Secretaria de Comunicação do Município, foi anunciado em 29 de setembro um contrato com o Hospital Albert Einstein, de São Paulo, para a gestão do Hospital da Cidade.
A informação foi divulgada pelo próprio JHC: “É com imensa alegria que anuncio o 1º Hospital Municipal da história de Maceió: o Hospital da Cidade. A unidade terá uma estrutura de ponta, com 220 leitos, 40 de UTI e 20 semi-intensivos.
Adquirimos um Hospital pronto na Gruta e estamos acelerando para colocá-lo em funcionamento no início de 2024. Assinamos ainda um protocolo de intenções com o Albert Einstein, a melhor rede hospitalar da América Latina, para cooperação técnica na gestão do Hospital da Cidade”, disse o prefeito à época.
Trata-se, como ficou comprovado, de informação falsa, de um “fake”. O município não assinou nenhum protocolo de intenções com o Einstein para a finalidade anunciada por JHC, que seria a prestação de serviços ao Hospital da Cidade.
Além disso, fiscalização realizada por vereadores de Maceió em outubro e novembro de 2023 no HCor revelou que o Hospital estava em obras, com apenas três andares em funcionamento, somente dois dos 6 centros cirúrgicos anunciados e menos de 70 leitos operacionais, não os 220 como anunciou JHC.
Negócio suspeito
A respeitada jornalista Heloisa Villela do ICL Notícias revelou em reportagem no último dia 25 de janeiro que “entidades questionam no MP legalidade de acordo entre Braskem e Prefeitura de Maceió” e cita a compra do HC como um negócio suspeito.
“Dois meses após fechar o acordo com a Braskem, o prefeito de Maceió, João Henrique Holanda Caldas, anunciou a compra do Hospital do Coração. Um investimento municipal de R$ 266 milhões que, segundo avaliações de empresas especializadas, está muito acima do valor de mercado. O preço de um hospital está em torno de R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões por leito. Por essa métrica, o hospital do Coração, em Maceió, com 77 leitos, deveria custar entre R$ 115,5 milhões e R$ 154 milhões. Mas foi comprado por R$ 226 milhões.”, escreveu a jornalista.
Inacabado
A declaração de JHC, de que “adquirimos um Hospital pronto na Gruta”, também não é verdadeira. Os vereadores Zé Márcio Filho (MDB) e Joãozinho Gabriel (PSD) conseguiram entrar em parte da estrutura e mostraram, com fotos e vídeos, que, dos cinco andares do Hospital do Coração que conseguiram visitar, dois estavam desativados e passando por reforma. E, dos seis andares que tiveram acesso no Centro Médico, todos estavam vazios e sem nenhum equipamento.
“Fake”
A assinatura de protocolo de intenções foi negada pelo Albert Einstein. Além disso, a prefeitura nunca apresentou contrato ou o protocolo de intenções. Um documento que “vazou” em novembro de 2023 revela que o Albert Einstein assinou contrato com a Cardiodinâmica, empresa que controla o Hospital do Coração e não com a prefeitura de Maceió.
A informação, confirmada por médicos e colaboradores do HCor esta semana, é que o Hospital Albert Einstein desistiu inclusive do contrato com a Cardiodinâmica.
Ainda assim, o prefeito JHC mantém em suas redes sociais até o presente momento as informações de que a prefeitura assinou protocolo de intenções com o Albert Einstein e que comprou um “hospital pronto”.
O que mudou
A gestão do HC será feita por uma “empresa” criada pela prefeitura do município, a Maceió Saúde. Trata-se de um “Serviço Social Autônomo”, que terá CNPJ de empresa privada, mas será mantido com dinheiro público.
A Maceió Saúde foi criada pela Lei Municipal Nº. 7.502, de 02 de janeiro de 2024. A informação, que já foi dada aos colaboradores do HCor, é que a prefeitura vai assumir a operação do Hospital da Cidade a partir do próximo mês de fevereiro.
Esta informação ainda não foi confirmada pela prefeitura, mas no HCor, o clima no momento é de apreensão, com centenas de profissionais temendo pelo futuro de seus empregos.
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