Política
Empresa do Mato Grosso, contratada para obras de mobilidade, demole imóveis no Pinheiro
Tratores da MTSul, que começou a atuar em Alagoas após o contrato entre Prefeitura e Braskem, derrubam casas na área em que o solo afunda
Cabe a uma empresa do ramo de construção civil do Mato Grosso, a MTSul Construções, o encargo de derrubar e demolir os imóveis localizados na área em que o solo está afundando, em Maceió, após a mineração desenfreada da Braskem. As casas e pontos comerciais de dezenas de milhares de maceioenses, obrigados a deixar seus imóveis, agora vão ao chão em um contrato nebuloso.
A empresa cuiabana começou a atuar em terras maceioenses após o acordo entre a Prefeitura de Maceió e a Braskem e tem contrato para executar obras de mobilidade urbana, realizando algumas dos principais serviços do acordo socioambiental firmado entre o ente municipal e a mineradora, a exemplo do alargamento da Avenida Durval de Góes Monteiro e a construção de uma via transversal entre a própria Durval de Góes Monteiro e a Via Expressa, no Antares.
O Jornal de Alagoas flagrou, nesta quinta-feira (8), tratores da MTSul fazendo a demolição das casas e reunindo as metralhas em locais cobertos por tapumes, no bairro do Pinheiro.
Em nota, a Braskem afirmou que a demolição preventiva de construções com danos estruturais é determinada pela Defesa Civil de Maceió, por uma questão de segurança, e está prevista no 3° Termo de Cooperação (TC3), firmado entre a Braskem e o Município de Maceió em janeiro de 2020 e não tem qualquer relação com o acordo assinado em julho de 2023.
A empresa disse ainda que a gestão dos resíduos é executada de acordo com normas ambientais, e a restrição dos acessos à área desocupada é determinada pela Defesa Civil, por uma questão de segurança.
A MTSul tem sede em Cuiabá e, segundo levantamento da Agência Pública, o responsável pela gestão do contrato milionário firmado entre a Braskem e a MTSul é o engenheiro civil Eleuberto Martorelli, ex-diretor da Odebrecht – atual Novonor, controladora da Braskem e que já foi indiciado por corrupção, em agosto de 2023. Ele agora presta serviços para sua empregadora por meio da empresa terceirizada.
Políticos que fazem oposição ao prefeito de Maceió, JHC (PL), levantam suspeitas sobre os contratos firmados entre o ente municipal e a Braskem, uma vez que o sogro de João Henrique Caldas, Mário Roberto Candia Figueiredo, o Dr. Mário também é de Cuiabá e possuía até 2023 a empresa Agrimat Engenharia, que dividia o mercado mato-grossense com a própria MTSul.
Respostas
O Jornal de Alagoas questionou a Defesa Civil Municipal sobre os critérios para as demolições das casas e quais áreas já podem ser demolidas. O espaço está aberto para atualizações.
Questionada sobre para quais obras e serviços a MTSul foi contratada, a Braskem informou que A MTSUL foi contratada para serviços de infraestrutura – como terraplenagem, drenagem e pavimentação – em trecho da Av. Durval de Góes Monteiro. Em relação ao fornecimento de areia utilizada no preenchimento de alguns dos 35 poços de sal, conforme aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM), a empresa informa que esse material é proveniente de jazidas existentes em Alagoas e que contrata somente de fornecedores licenciados pelos órgãos competentes.
A Braskem não falou sobre participação na derrubada de imóveis, mas disse que todas a empresa possui um sistema de conformidade no qual avalia a integridade dos parceiros com os quais se relaciona. "Estes processos de contratação obedecem diretrizes empresariais rigorosas e são conduzidos exclusivamente pela companhia", finalizou.